“Nosso processo de conversão foi um milagre”, disse Luiz Mar Junior à ACI Digital. Ele, sua mulher, Sheila Czelusniak, e a filha de 12 anos receberam os sacramentos de iniciação cristã no sábado (20) na vigília pascal do Santuário Diocesano Nossa Senhora de Lourdes em Curitiba (PR). Depois de cinco anos estudando, rezando e buscando a verdade, eles deixaram as Testemunhas de Jeová para entrar na Igreja Católica.
“Hoje podemos dizer que estamos mais próximos de Jesus”, disse Luiz. “Morremos para uma vida antiga, praticamente de um ex-pagão e ressuscitamos com Cristo, como nova criatura para fazer parte do corpo místico do Nosso Senhor”.
Luiz Mar, Sheila e sua filha no dia do batismo no Santuário Diocesano Nossa Senhora de Lourdes em Curitiba (PR). Crédito: Luiz Mar Junior.
Nascidos em famílias de Testemunhas de Jeová, Luiz e Sheila passaram toda a vida acreditando e praticando as doutrinas deste grupo religioso que acredita que Jeová é o único Deus verdadeiro e que Jesus é o salvador, o Filho de Deus, mas não é Deus, portanto, não acredita na doutrina da Trindade.
“Não tem como expressar em palavras o que sentimos no dia”, disse Mar sobre a experiência de receber os sacramentos do batismo, crisma e eucaristia. “É algo inexplicável. A gente sente muito forte a presença de Cristo”. Ontem (29), o casal também sacramentou seu matrimônio.
“A nossa vida mudou bastante, praticamente tudo. Hoje somos uma família que temos a oração presente nas nossas vidas, o terço, muito mais caridade. Vivemos buscando a santidade, estar em conformidade com o que a Igreja nos pede”, disse.
O processo de conversão deles foi longo. Começou na pandemia em 2020, quando perceberam que precisavam estudar mais o que outras religiões falavam sobre o fim dos tempos. Isso não era tão fácil, pois ia contra a obediência ao corpo governante das Testemunhas de Jeová que proíbe o estudo de qualquer material externo.
O primeiro passo foi descobrir que “Jesus é realmente Deus” e que a “Trindade é verdadeira”, disse Luiz, quem começou a perceber que a tradução da Bíblia Novo Mundo, usada pelas Testemunhas de Jeová, tem alguns versículos “adulterados”, como por exemplo os versículos da eucaristia que trocam “isso é meu corpo” por “isso representa o meu corpo”.
Quanto mais eles estudavam, mais queriam estudar para descobrir a verdade sobre Deus, a fé e a religião. “Descobrimos que as Testemunhas de Jeová são uma seita anticristã, praticamente pagã que revive falsas heresias como o arianismo que pregava que Jesus não é Deus”, disse.
Foi um momento difícil para o casal perceber que tudo aquilo que haviam acreditado por mais de 40 anos era um engano. Para Luiz, recomeçar foi uma dor, “mas foi maravilhoso descobrir que Jesus é Deus, o Verbo Encarnado, descobrir a Santíssima Trindade”.
“Ficamos em choque e pedimos perdão a Jesus, falamos com Ele que descobrimos que não conhecíamos o nosso Senhor, nem falávamos com Ele”, contou.
Eles estudaram as religiões protestantes, mas sem estar convencidos de que em alguma delas estava a verdade, resolveram estudar a Igreja Católica. Segundo Luiz, foi a última a ser estudada pois nas Testemunhas de Jeová haviam aprendido que a Igreja era a “grande Babilônia”, “que tudo do mal partiu dela” e que havia “feito muita coisa ruim em toda a história”.
O primeiro contato com o catolicismo
Começaram lendo a Didaqué, escrito do século II sobre a doutrina dos apóstolos e, segundo Luiz, ficaram maravilhados. “Quando a gente lê a Didaqué a gente vê a Igreja católica hoje”. Também leram patrística, santo Inácio de Antioquia, santo Eusébio de Cesareia.
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“Se você pega a Didaqué, pega a patrística e pega o livro de Atos na Bíblia na tradução de verdade, para nós ficou muito claro que era tudo a mesma coisa, a Igreja de hoje e a de antes, a primitiva”, disse Luiz.
“Para o nosso espanto”, continuou, “começamos a ver que a verdade estava por ali”. Nesse momento, romperam definitivamente com as Testemunhas de Jeová.
O casal enfrentou “a morte social por parte dos parentes, principalmente os parentes da minha esposa que ainda são Testemunhas de Jeová”, disse Luiz.
Mas continuaram se aprofundando na doutrina católica. Os dois se dividiram para estudar temas como inferno, purgatório, imagens, dogmas marianos e vida após a morte. “Foi maravilhoso, fomos estudando, passando um para o outro e a fé só aumentava”, disse.
“A gente viu que a Igreja Católica é a Igreja fundada por Cristo, é a Igreja dos apóstolos que mantem até hoje através da Bíblia e da Tradição a fé verdadeira”, disse. “Tudo começou a se encaixar de forma perfeita”.
Nesse processo eles dizem ter sentido de forma muito intensa a intercessão de Nossa Senhora. Costumavam visitar o Santuário de Schoenstatt que era para eles um lugar de paz, e dizem ter percebido a ação de Maria conduzindo esse processo de conversão.
“Foi uma alegria descobrir toda a verdade em torno de Maria, corredentora da humanidade, a nova Eva, a Nova Arca da Aliança, a Mãe Rainha, a nossa Mãe”, disse. “Foi sensacional, tudo começou a fazer sentido. Gn 3, 15, Ap 12, as passagens de Lucas”.
Em 21 de abril de 2024 finalmente se inscreveram para o catecumenato e preparação para a recepção dos sacramentos e começaram a viver o ano litúrgico, a rezar o terço, estudar a vida dos santos, leituras diárias e fazer a catequese matrimonial.
“Aprendemos o que é a adoração e espiritualidade de verdade”, disse ele, acrescentando que também ficaram maravilhados com o acolhimento dos irmãos e dos novos amigos que fizeram na Igreja.
“Realmente a vida mudou bastante, nos tornamos pessoas melhores, a Sheila colocando Nossa Senhora na vida dela”, disse. “E eu, sou devoto de São José, colocando seu exemplo como marido e pai”, concluiu.
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O conclave para a escolha do novo papa
Recém chegados ao catolicismo, Luiz e Sheila já passaram pela morte de um papa e aguardam o conclave que elegerá o sucessor.
“Hoje, como católicos, sabemos da importância da cátedra de Pedro”, disse Luiz. “Precisamos de um papa que venha a pastorear as ovelhas de Deus para que a Igreja continue sendo coluna e sustentáculo da verdade”.
Ele contou que como protestante ficava muito preocupado com as profecias do fim do mundo, com as especulações sobre o papa, mas agora, “ele vê como a Igreja é linda, até mesmo nesse momento em que estamos orando pela alma do papa Francisco” e orando “pela Igreja para que tenhamos um sucessor à altura de Nosso Senhor Jesus Cristo e mais um papa santo”, concluiu.
Escrevo para a ACI Digital há oito anos e desde 2023 sou correspondente do Brasil para o telejornal EWTN Noticias. Sou certificada em espanhol pelo Instituto Cervantes. Tenho experiência em redação de conteúdo religioso para mídias católicas em português e espanhol e em tradução de sites religiosos. Sou casada, tenho três filhos e sou catequista há mais de 15 anos. Escrevo de Petrópolis (RJ).
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