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1 de mai de 2025 às 17:59
O cardeal Víctor Manuel Fernández, ex-prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé da Santa Sé, falou hoje (1), festa de são José Operário, ao celebrar a missa no sexto dia de Novendiales, nove dias de missas oferecidas pelo repouso da alma do papa, sobre a dedicação do papa Francisco ao trabalho, que segundo o cardeal “era sua alegria, seu alimento, seu descanso”.
O cardeal Fernández, que nasceu na Argentina, como o papa Francisco, era muito próximo do papa e era considerado seu “escritor fantasma”.
Em sua homilia para a missa, que começou por volta das 17h (meio-dia, no horário de Brasília), o cardeal Fernández disse que “o papa Francisco é de Cristo, pertence a Ele, e agora que deixou esta terra, é plenamente de Cristo”.
“O Senhor acolheu Jorge Bergoglio desde o seu batismo e por toda a sua vida”, disse dom Fernández.
O cardeal falou sobre a “ternura” com que Francisco “falava de Cristo” e “como ele apreciava o doce nome de Jesus, como um bom jesuíta”.
Papa Francisco, trabalho e dignidade humana
Em seguida, falando sobre o Dia do Trabalho, comemorado hoje no Brasil, na Argentina e ao redor do mundo, o cardeal Fernández falou sobre uma mensagem em vídeo enviada pelo papa Francisco em 2021 por ocasião do colóquio “Vamos Alcançar uma Argentina Sustentável”.
“Nunca me cansarei de me referir à dignidade do trabalho… Alguns disseram que eu disse coisas que não concordo: que defendo uma vida sem esforço, ou que desprezo a cultura do trabalho”, disse o papa naquela ocasião.
“Imaginem se isso pudesse ser dito de um descendente de piemonteses, que veio ao nosso país não com o desejo de ser apoiado, mas com um enorme desejo de arregaçar as mangas para construir um futuro para suas famílias”, disse também Francisco em sua mensagem de vídeo.
“Para o papa Francisco, o trabalho expressa e nutre a dignidade do ser humano. Permite-lhe desenvolver as suas capacidades, ajuda-o a crescer nas relações, permite-lhe sentir-se colaborador de Deus no cuidado e na melhoria deste mundo, e faz com que se sinta útil à sociedade e solidário com os seus entes queridos”, disse o cardeal Fernández.
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Para o cardeal, “por trás desse amor pelo trabalho há uma forte convicção do papa Francisco: o valor infinito de cada ser humano, uma imensa dignidade que nunca deve ser perdida, que em nenhuma circunstância pode ser ignorada ou esquecida”.
Ele disse também que o papa Francisco criticou uma “falsa ‘meritocracia’, que nos leva a pensar que só aqueles que têm sucesso na vida têm mérito”.
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Papa Francisco, “um trabalhador”
Depois, dom Fernández disse que Francisco era “um trabalhador (que) não só falava do valor do trabalho, mas que viveu sua missão ao longo de sua vida com grande esforço, paixão e comprometimento”.
“Sempre foi um mistério para mim como ele conseguia suportar uma rotina de trabalho tão exigente, sendo um homem idoso com várias doenças. Ele trabalhava não só pela manhã, com reuniões, audiências, celebrações e encontros, mas também a tarde toda. E achei verdadeiramente heroico que, com a pouquíssima força que lhe restava em seus últimos dias, ele conseguisse encontrar forças para visitar uma prisão”, disse o cardeal.
“Quando ele estava na Argentina, nunca saía para jantar, para ir ao teatro, para passear, para ver um filme; nunca tirava um dia de folga completo. Enquanto nós, que somos normais, não conseguimos resistir. Mas a vida dele é uma inspiração para vivermos o nosso trabalho com generosidade”, disse dom Fernández.
O cardeal disse que, para Francisco, “seu trabalho era sua missão; seu trabalho diário era sua resposta ao amor de Deus; era a expressão de sua preocupação com o bem dos outros. E por essas razões, o próprio trabalho era sua alegria, seu alimento, seu descanso”.
Um pedido para são José
No fim de sua homilia, o cardeal argentino falou sobre o “amor do papa Francisco por são José, aquele trabalhador forte e humilde, aquele carpinteiro de uma pequena aldeia esquecida, que cuidou de Maria e Jesus com seu trabalho”.
“E lembramos também que sempre que o papa Francisco tinha um problema sério, ele colocava um pedaço de papel com uma oração sob a imagem de são José. Então, peçamos a são José que dê um grande abraço no Céu ao nosso amado papa Francisco”, concluiu dom Fernández.