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12 de dez de 2024 às 09:55
Uma associação italiana de cristãos LGBT disse que tem aprovação da Santa Sé para uma peregrinação no jubileu do ano que vem em Roma. Os organizadores do jubileu na Santa Sé dizem que não apoiam nem se opõem ao evento, e as figuras por trás dele se recusam a comentar.
A associação La Tenda di Gionata (A Tenda de Jônatas, em italiano) pediu a seus membros que “reservem a data” de 6 de setembro de 2025, às 15h e convidou “todas as associações e grupos dedicados a apoiar indivíduos LGBT+ e suas famílias a se juntarem a nós quando cruzarmos oficialmente a Porta Santa do Jubileu na Basílica de São Pedro”.
À noite, peregrinos LGBT, seus pais e agentes pastorais foram convidados para uma missa na igreja jesuíta de Gesù, a igreja barroca no centro de Roma, que será celebrada pelo bispo de Cassano all’Jonio, Itália, dom Francesco Savino, vice-presidente da Conferência Episcopal Italiana. Também haverá uma vigília de oração para peregrinos em Gesù na noite anterior.
O Jubileu 2025, que começa com a abertura da Porta Santa na basílica de São Pedro em 24 de dezembro, véspera de Natal, e vai até 6 de janeiro de 2026, deve atrair 32 milhões de peregrinos de todo o mundo a Roma, que poderão receber uma indulgência plenária e participar de vários eventos espirituais e culturais.
Agnese Palmucci, porta-voz oficial do Jubileu 2025, disse que a associação La Tenda di Gionata propôs fazer uma peregrinação à Porta Santa e, portanto, ela foi “incluída no calendário geral como uma peregrinação, junto com todas as outras peregrinações que outras dioceses farão”.
“Não é um evento de Jubileu patrocinado ou organizado por nós. É uma peregrinação organizada por esta associação que, como as outras dioceses, órgãos e associações, fará a peregrinação como desejarem”, disse Palmucci.
O jornal italiano Il Messaggero disse que o evento planejado é uma “novidade absoluta, impensável até alguns anos atrás, fruto de um cuidado pastoral que se estende a grupos geralmente considerados marginalizados”.
Francis DeBernardo, editor do site da organização americana LGBT New Ways Ministry (Ministério Novos Caminhos), disse que a notícia tocou seu coração “profundamente” ao lembrar-se da resistência à homossexualidade em Roma no Jubileu de 2000.
“Embora o evento de 2025 possa parecer um pequeno passo, se comparado com a forma como o Vaticano reagiu à presença de gays em Roma em 2000, podemos ver que mudança radical ocorreu em termos de resposta às pessoas LGBTQ+”, escreveu DeBernardo no site da New Ways.
“Esse desenvolvimento não aconteceu da noite para o dia, mas teve muitos pequenos passos que abriram caminho para isso”.
A New Ways foi anteriormente criticada tanto pela Conferência dos Bispos Católicos dos EUA (USCCB, na sigla em inglês) quanto pela congregação para a Doutrina da Fé da Santa Sé por causar confusão sobre a moralidade sexual entre os fiéis católicos.
Luisella Scrosati escreveu no jornal católico La Nuova Bussola Quotidiana que os eventos planejados são uma “derrota não só da doutrina moral da Igreja, mas também de sua atividade pastoral”. Ela observou que essas associações que promovem a homossexualidade como uma identidade e não toleram ser corrigidas “entrarão na Basílica de São Pedro”.
Scrosati disse também que os membros dessas associações “foram criados por Deus, homens ou mulheres”, mas ouvem a “grande mentira de que sua tendência, completamente desarmônica com o que é expresso por seu corpo, não é desordenada”.
Segundo o jornal italiano Il Messaggero, a proposta encontrou “resistência interna”, mas o papa Francisco “aceitou a ideia do padre Pino Piva, um jesuíta de Bolonha, que sempre se dedicou ao mundo do arco-íris”.
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O Register perguntou a Matteo Bruni, porta-voz da Santa Sé, se o papa apoia os eventos planejados pela associação, mas Bruni não respondeu.
A mídia italiana disse também que o arcebispo de Bolonha, cardeal Matteo Maria Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana; o pró-prefeito do dicastério para a Evangelização e organizador e coordenador do Jubileu de 2025, dom Rino Fisichella; e o superior geral dos jesuítas, padre Arturo Sosa, deram apoio à iniciativa.
Respondendo por e-mail ao Register para confirmar se apoiava o evento e estava preocupado se isso aprofundaria ainda mais as divisões na Igreja, o cardeal Zuppi disse que “a questão deveria ser colocada aos organizadores do Jubileu na Santa Sé”. Ao perguntarem novamente se ele apoiava ou não a iniciativa, ele não respondeu.
O reitor de Gesù também foi procurado para comentar, mas ele disse que não daria entrevistas por telefone. O Register então lhe enviou por e-mail algumas perguntas às quais ele não respondeu.
A associação La Tenda di Gionata também não respondeu a perguntas gerais sobre o evento, como uma pergunta sobre se uniões homossexuais receberão bênçãos não litúrgicas na igreja de Jesus, como permite a declaração Fiducia Supplicans de 2023.
Respondendo se os organizadores do Jubileu apoiam o evento, Palmucci disse: “Na realidade, não apoiamos todas as associações ou entidades que propõem e fazem sua peregrinação. Não é uma questão de apoiar ou não. Não damos nosso apoio a ninguém; não damos uma aprovação; não damos um julgamento sobre um evento. Então, cada diocese, cada associação, cada entidade que quer passar pela Porta Santa nos pede, e nós colocamos no calendário; mas é um evento que é, digamos, autônomo”.
Palmucci continuou: “Como dicastério, nós administramos as entradas para as Portas Santas, se uma associação vem até nós e pede para poder passar pela Porta Santa naquela data, o que fazemos é simplesmente ver se aquela data está livre”.
Se a data estiver livre, Palmucci disse que o grupo e o número de peregrinos são registrados para que eles “possam passar pela Porta Santa naquele dia”.
“É tudo o que fazemos”, disse ela.
Palmucci disse que o escritório do Jubileu só administra realmente “os grandes eventos do Jubileu”, que são 36 no total, e “esses são os que estão no calendário”. O Register perguntou a Palmucci se havia algum grupo que os organizadores não permitiriam passar pela Porta Santa, mas ela não respondeu.
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Scrosati disse que com esse evento do Jubileu, “a falsa misericórdia entrará triunfantemente em São Pedro, com a bênção do Papa, dos cardeais e dos bispos”.
Citando o Evangelho de são Mateus 24, 15, ela perguntou: “Será que essa é a nova ‘abominação da desolação’ em um lugar santo?”
O Register perguntou ao prefeito emérito da então congregação, agora dicastério, para a Doutrina da Fé da Santa Sé, cardeal Gerhard Müller, e a dois bispos africanos que se opõem a tais eventos — o arcebispo de Bamenda, Camarões, dom Andrew Nkea, e o bispo de Oyo, Emmanuel Badejo – se eles gostariam de falar sobre os planos, mas eles não responderam até o momento desta matéria ser publicada.