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18 de dez de 2024 às 16:44
O papa Francisco canonizou oficialmente 16 freiras carmelitas descalças de Compiègne, executadas no reinado do Terror na revolução francesa, através do raro procedimento de canonização equipollent, ou equivalente.
Madre Teresa de Santo Agostinho e suas 15 companheiras foram guilhotinadas em Paris cantando hinos de louvor. Agora, com a canonização, elas podem ser veneradas em todo o mundo como santas da Igreja.
A canonização equipollent, anunciada hoje (18) pela Santa Sé na quarta-feira, reconhece a veneração de longa data das mártires carmelitas, que morreram com fé inabalável em 17 de julho de 1794.
Seu ato final de coragem e fé inspirou o Diálogo dos Carmelitas, escrito pelo romancista e ensaísta católico Georges Bernanos, e transformada em ópera por Francis Poulenc em 1957.
A canonização equipollent dispensa o processo formal e a cerimônia de canonização. Ela passa a valer quando uma bula papal é publicada.
A veneração de longa data do santo e a virtude heroica demonstrada ainda são necessárias e, embora nenhum milagre moderno seja necessário, a fama dos milagres que ocorreram antes ou depois da morte de um santo também é levada em consideração depois de um estudo feito pela seção histórica do dicastério do para as Causas dos Santos da Santa Sé.
Embora o processo seja raro, o papa Francisco declarou outros santos por meio de canonização equipollent, como são Pedro Fabro e santa Margarida de Costello. O papa Bento XVI canonizou santa Hildegarda de Bingen dessa forma, e Pio XI canonizou assim a santo Alberto Magno.
Quem foram os mártires de Compiègne?
As 11 freiras, três irmãs leigas e duas externas, foram presas por resistirem à proibição de vida religiosa imposta pela Revolução Francesa. As carmelitas foram expulsas de seu mosteiro de Compiègne em 1792.
Apesar de serem forçadas a se esconder, as irmãs mantiveram secretamente sua vida comunitária de oração e penitência. Por sugestão da madre superiora do convento madre Teresa de Santo Agostinho, as irmãs fizeram um voto adicional: dar suas vidas em troca do fim da Revolução Francesa e pela Igreja na França.
No dia de sua execução, as irmãs foram transportadas pelas ruas de Paris em carroças abertas, suportando insultos da multidão reunida. Implacáveis, elas cantaram o Miserere, Salve Regina e Veni Creator Spiritus a caminho do cadafalso.
Antes de morrer, cada irmã se encontrou com a madre superiora, que lhes deu permissão para morrer. A madre superiora foi a última a ser executada, ela cantou até a lâmina cair.
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Nos dias seguintes, Maximilien Robespierre, umm dos líderes da Revolução Francesa e o principal responsável pelo chamado Reinado do Terror, foi executado.
Os corpos das 16 mártires foram enterrados em uma vala comum no cemitério de Picpus, onde uma lápide comemora seu martírio. Beatificadas em 1906 pelo papa são Pio X, sua história desde então inspirou livros, filmes e óperas.
A festa dos mártires de Compiègne vai continuar a ser celebrada em 17 de julho, comemorando a data de seu martírio.
Outras causas de santidade reconhecidas
Além da canonização equivalente, o papa Francisco também aprovou decretos que promovem outras causas de santidade, como a beatificação de dois mártires do século XX: o arcebispo Eduardo Profittlich, que morreu sob perseguição comunista, e o padre Elia Comini, vítima do nazi-fascismo.
Profittlich, um jesuíta e arcebispo alemão, morreu em uma prisão soviética em 1942 depois de ser torturado por se recusar a abandonar fiéis na Estônia ocupada pelos soviéticos.
Comini, um padre salesiano, foi executado pelos nazistas em 1944 por ajudar os moradores e dar apoio espiritual em massacres no norte da Itália.
O papa Francisco também reconheceu virtudes heróicas de três servos de Deus: o arcebispo húngaro Áron Márton (1896-1980), o padre italiano Giuseppe Maria Leone (1829-1902) e o leigo francês Pietro Goursat (1914-1991), que fundou a comunidade Emmanuel.
Márton, um bispo que se opôs à opressão nazista e comunista na Romênia, defendeu a liberdade religiosa e ajudou perseguidos antes de ser condenado à prisão perpétua e trabalhos forçados pelos comunistas em 1951. Depois, ele foi libertado e morreu de câncer em 1980.
Leone, um padre redentorista italiano, dedicou sua vida à pregação, direção espiritual e ajuda às comunidades devastadas por epidemias. Reconhecido como confessor e guia espiritual, ele ajudou a renovar a vida religiosa e inspirar fiéis leigos na Itália pós-unificação.
O leigo francês Pietro Goursat fundou a comunidade Emmanuel, um movimento que promove a oração e a evangelização, particularmente entre os jovens marginalizados. Apesar das dificuldades pessoais, ele transformou o santuário do Sagrado Coração em Paray-le-Monial em um centro espiritual e viveu seus últimos anos em devoção silenciosa.
Com o decreto, os três servos de Deus passam a ser “veneráveis” na Igreja.