Papa exorta fiéis a entregar a Deus o fardo do passado, como fez a samaritana

 “O passado já não é um fardo; ela está reconciliada”, diz o texto. “E é assim também em relação a nós: para ir anunciar o Evangelho, primeiro é preciso depositar o peso da nossa história aos pés do Senhor, entregar-lhe o fardo do nosso passado”.

Francisco está fazendo uma série de catequeses sobre os diálogos que Jesus mantém com diferentes pessoas.

“São encontros que nos surpreendem e, no início, talvez até fiquemos um pouco desconfiados: procuramos ser prudentes e compreender o que se passa”, disse o papa. Na semana passada ele falou sobre o diálogo de Jesus com Nicodemos.

O papa disse que a mulher samaritana, sentindo-se “envergonhada de sua vida” e “possivelmente julgada, condenada e incompreendida”, isolou-se e não esperava encontrar ninguém. No entanto, naquele momento crucial, Jesus a confrontou direta e amorosamente.

“Jesus poderia ter escolhido outra rota para ir da Judeia à Galileia”, evitando assim passar pela Samaria, disse Francisco.

No entanto, Ele escolheu permanecer naquele poço, demonstrando que “Ele nos espera e se faz conhecer justamente quando pensamos que não há mais esperança para nós”.

Assim, o papa Francisco destacou que Jesus “quer ajudar essa mulher a entender onde procurar a verdadeira resposta ao seu desejo de ser amada”.

Para o papa, o tema do desejo é fundamental para compreender esse encontro.

“Jesus é o primeiro a expressar o seu desejo: ‘Dá-me de beber!’ Para dialogar, Jesus se mostra fraco, fazendo com que a outra pessoa se sinta confortável e sem medo. A sede é frequentemente a imagem do desejo na Bíblia”, disse Francisco.

Uma revelação e uma missão de transformação

O encontro entre Jesus e a samaritana é “um momento de revelação” em que Jesus se revela “como o Messias e ilumina a vida da mulher”, disse o papa Francisco.

Mas também a ajuda a “reler sua história complicada e dolorosa de uma nova maneira”. O papa disse também que a samaritana “teve cinco maridos” e agora está com um sexto homem que não é seu marido.

Segundo Francisco, “o número seis não é casual, mas geralmente indica imperfeição. Talvez seja uma alusão ao sétimo esposo, aquele que finalmente poderá saciar o desejo desta mulher de ser verdadeiramente amada. E aquele esposo só pode ser Jesus”.

O papa Francisco disse também que, às vezes, quando rezamos, nos perdemos em reflexões que nos dão a ilusão de uma “oração bem-sucedida”, esquecendo que, quando Deus toca a vida das pessoas com os problemas que elas têm, deve-se parar de pôr “barreiras de proteção”.

Depois de conhecer Jesus, a mulher corre para chamar os moradores da cidade “porque é justamente da experiência de se sentir amada que surge a missão”.

E então ela se perguntou: “Que anúncio poderia ela trazer, a não ser a sua experiência de ser compreendida, acolhida, perdoada?”

O papa concluiu sua catequese com um apelo para nunca perder a esperança.

“Ainda que a nossa história nos pareça pesada, complicada, talvez até arruinada, temos sempre a possibilidade de a confiar a Deus e de recomeçar o nosso caminho. Deus é misericórdia e está sempre à nossa espera!”