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6 de abr de 2025 às 13:36
O papa Francisco, de 88 anos, que continua se recuperando em Santa Marta, sua residência no Vaticano, da pneumonia bilateral pela qual ficou hospitalizado por 38 dias disse que, através da doença está experimentando a sensação de “fraqueza” assim como a “dependência dos outros”.
“Queridos irmãos e irmãs doentes, neste momento da minha vida, estou a partilhar muito: a experiência da enfermidade, de me sentir frágil, de depender dos outros em tantas coisas, de precisar de apoio”, disse o papa, que teve alta do hospital há apenas 15 dias, no dia 23 de março.
Naquela ocasião, o papa Francisco, antes de retornar ao Vaticano, permaneceu por pouco mais de um minuto na varanda do quinto andar do hospital Policlínica Gemelli, em Roma, para saudar e abençoar os fiéis.
Na homilia que ele próprio preparou para a missa do Jubileu dos Enfermos, a qual foi lida pelo pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização, dom Rino Fisichella, o papa contou a sua própria experiência de enfermidade e reconheceu que “nem sempre é fácil”. Mas garantiu que esta realidade, embora dolorosa, pode ser transformada num espaço de profunda comunhão com Deus e com os outros.
“Nem sempre é fácil, mas é uma escola na qual aprendemos todos os dias a amar e a deixarmo-nos amar, sem exigir nem recusar, sem lamentar nem desesperar, agradecidos a Deus e aos irmãos pelo bem que recebemos, abertos e confiantes no que ainda está para vir”, disse.
Ao dirigir-se aos enfermos, recordou que “o quarto do hospital e a cama da enfermidade podem ser lugares para ouvir a voz do Senhor”.
Aos médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde, agradeceu pela dedicação aos mais frágeis e convidou-os a reconhecer no trabalho a oportunidade de renovar continuamente suas vidas, alimentando-as “com gratidão, misericórdia e esperança”.
“Enquanto cuidais dos vossos pacientes, em especial dos mais frágeis, o Senhor oferece-vos a oportunidade de renovar continuamente a vossa vida, alimentando-a com gratidão, misericórdia e esperança. Ele chama-vos a iluminá-la com a consciência humilde de que nada está garantido e tudo é dom de Deus; e a alimentá-la com aquela humanidade que se experimenta quando, deixadas por terra as aparências, permanece o que conta: os pequenos e grandes gestos de amor”, disse.
O papa exortou-os também a viverem a presença dos enfermos “como um dom, para curar o vosso coração, purificando-o de tudo o que não é caridade e aquecendo-o com o fogo ardente e doce da compaixão”.
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O papa citou o exemplo de Bento XVI, “que nos deixou um belíssimo testemunho de serenidade durante o período da sua doença”. E também relembrou os seus escritos, em particular a encíclica Spe salvi, na qual deixou claro que “a grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento”.
O papa Francisco ainda pediu para não negligenciar as pessoas mais frágeis e criticou as sociedades que colocam os enfermos à margem.
“Não afastemos da nossa vida aqueles que estão fragilizados, como por vezes hoje, infelizmente, faz um certo tipo de mentalidade, nem ostracizemos a dor dos nossos ambientes. Em vez disso, façamos dela uma oportunidade para crescer juntos, para cultivar a esperança graças ao amor que, primeiramente, Deus derramou nos nossos corações e que, independentemente de tudo, é o que permanece para sempre”, disse.
No início da homilia, o papa refletiu sobre as palavras que Deus, através do profeta Isaías, dirige ao povo de Israel exilado na Babilónia, depois de Jerusalém ter sido conquistada e devastada pelos soldados do rei Nabucodonosor II.
Naquele momento “difícil”, disse dom Fisichella, lendo o texto preparado pelo papa Francisco, “os horizontes parecem fechados, o futuro sombrio e todas as esperanças destruídas”, mas o Senhor “convida a acolher algo de novo que está a nascer.”.
Ele também refletiu sobre o Evangelho do dia, que narra o episódio da mulher adúltera, “cuja vida está destruída” por “uma condenação moral”.
Mas, apesar de parecer que não há “mais esperança” para ela, “Deus não a abandona”.
“Jesus entra na sua vida, defende-a e resgata-a da violência deles, dando-lhe a possibilidade de começar uma nova existência”, escreveu o papa, que pediu uma renovada confiança em Deus no caminho quaresmal.
“Não há exílio, nem violência, nem pecado, nem qualquer outra realidade da vida que o impeça de estar à nossa porta e bater, pronto a entrar logo que lhe permitamos. Aliás, é sobretudo quando as provações se tornam mais duras que a sua graça e o seu amor nos apertam com uma força ainda maior, para nos reerguer”, acrescentou.
Neste sentido, disse que a doença é uma das “é uma das provas mais difíceis e duras da vida, durante a qual tocamos com a mão o quanto somos frágeis” e “tal como aconteceu com o povo exilado ou a mulher do Evangelho, ela pode levar a fazer-nos sentir privados de esperança no futuro”, disse Francisco destacando que Deus nunca nos abandona.