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19 de abr de 2025 às 16:41
A Páscoa não é um “acontecimento espetacular” com o qual “Deus se impõe a si mesmo e nos obriga a acreditar n’Ele”, disse o papa Francisco na homilia que escreveu para a Vigília Pascal, que foi celebrada pelo decano do colégio de cardeais, cardeal Giovanni Battista Re. O papa disse que não se pode celebrar a Ressurreição “sem continuar a enfrentar as noites que trazemos no coração e as sombras de morte que muitas vezes pairam sobre o mundo”.
A celebração do Sábado Santo é uma das mais evocativas da Semana Santa, que comemora a Ressurreição de Jesus Cristo.
A liturgia, da qual o papa não participou apesar de, algumas horas antes, ter ido rezar na basílica de São Pedro, começou com a igreja mergulhada na escuridão total para simbolizar a morte de Jesus.
No texto lido por Battista Re, o papa Francisco destacou que a Ressurreição “é semelhante a pequenos rebentos de luz” que surgem “paulatinamente”, “sem fazer barulho, por vezes ainda ameaçados pela noite e pela incredulidade”.
“Não é uma meta que Jesus alcança por um caminho fácil, contornando o Calvário; e nós tampouco podemos vivê-la de maneira despreocupada e sem hesitação interior”, insistiu
O papa disse que “este ‘estilo’ de Deus liberta-nos de uma religiosidade abstrata, iludida ao pensar que a ressurreição do Senhor resolve tudo de um modo mágico”.
Por outro lado, apreciou o fato de que a Vigília Pascal ilumina o caminho pouco a pouco, irrompe na escuridão da história sem alarido, brilha discretamente nos nossos corações” e, portanto, propôs “uma fé humilde, desprovida de qualquer triunfalismo”.
O papa Francisco exortou os fiéis a reproduzirem a Páscoa em suas vidas e a se tornarem “construtores de esperança, enquanto tantos ventos de morte ainda sopram sobre nós”.
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Pelas crianças que nunca nasceram e pelos que são maltratados
Por meio do cardeal Re, o papa disse: “Queiramos sê-lo para aqueles que não têm fé no Senhor, para quem se perdeu pelo caminho, para os que desistiram ou estão curvados sob o peso da vida, para quem está sozinho ou fechado na própria dor, para todos os pobres e oprimidos da Terra, para as mulheres humilhadas e assassinadas, para as crianças maltratadas e para aquelas que nunca nasceram, para as vítimas da guerra”.
O papa deixou claro que, embora Cristo tenha vencido o pecado e destruído a morte, “na nossa história terrena, o poder da sua ressurreição ainda está a cumprir-se”. Portanto, exortou os fiéis: “deixemos brotar a esperança da Páscoa nas nossas vidas e no mundo”.
“Quando ainda sentimos o peso da morte dentro do nosso coração, quando vemos as sombras do mal que continuam a sua marcha ruidosa no mundo, quando sentimos arder as feridas do egoísmo ou da violência na nossa carne e na nossa sociedade, não desanimemos, voltemos ao anúncio desta noite: ainda que estejamos nas trevas, a luz brilha lentamente; aguarda-nos a esperança de uma vida nova e de um mundo finalmente libertado; um novo começo pode surpreender-nos, mesmo que às vezes pareça impossível, porque Cristo venceu a morte”, disse.
O papa Francisco citou no texto santo Agostinho e a mística do século XIII Hadewijch de Antuérpia.
“Cristo ressuscitado é o ponto de viragem definitivo da história humana. Ele é a esperança que não se extingue. Ele é o amor que nos acompanha e sustenta”, disse.
A liturgia começou no átrio da basílica de São Pedro, onde ocorreu a bênção do fogo novo e a preparação do círio pascal, símbolo do Cristo ressuscitado. Em seguida, houve a procissão até o altar, com o círio aceso, acompanhada pelo canto do tradicional Exultet, a proclamação da Páscoa que anuncia a Ressurreição.
Depois desse rito inicial, foram celebradas a Liturgia da Palavra e a Liturgia Batismal, durante a qual o cardeal Re administrou os sacramentos da Iniciação Cristã (Batismo, Confirmação e Eucaristia) a três novos fiéis, também conhecidos como neófitos.