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4 de fev de 2025 às 15:40
Milhares de fiéis foram às ruas de Juazeiro do Norte (CE) levando velas e candeeiros no domingo (2), para participar da procissão luminosa que encerra a Romaria de Nossa Senhora das Candeias celebrada por cinco dias de 29 de janeiro a 2 de fevereiro.
Nossa Senhora das Candeias é celebrada todo dia 2 de fevereiro, festa da Apresentação do Senhor. Em Juazeiro do Norte (CE) a devoção começou com o padre Cícero Romão (1844-1934).
O reitor da basílica de Nossa Senhora das Dores, padre Cícero José da Silva, contou à ACI Digital que uma das histórias sobre a origem da festa diz que certo dia um artesão da cidade foi procurar padre Cícero em busca de conselhos, porque passava por dificuldades financeiras. O sacerdote deu-lhe dinheiro para produzir candeeiros, pois ele organizaria uma procissão iluminada com candeeiros no dia da Apresentação do Senhor. Os devotos compraram os candeeiros e todo o estoque do artesão foi vendido.
“Então nasce aqui, na nossa região, essa bonita festa de Nossa Senhora das Candeias, devido a essa iniciativa, essa ideia inspirada por Deus no padre Cícero Romão.
O padre Cícero Romão, continua o reitor, “foi um homem capaz de entender que a luz é Cristo e ele devia apontar para Cristo”.
Luz para o caminho
“Quem leva a candeia, quem leva a lamparina, quem leva o candeeiro, leva para iluminar o caminho e leva para que este caminho sendo iluminado possamos também ser luz na vida das outras pessoas”, disse o bispo da diocese de Crato, dom Magnus Henrique Lopes, à TV Mãe das Dores, canal oficial de comunicação da basílica santuário Nossa Senhora das dores.
Nos cinco dias de romaria, segundo a Secretaria de Turismo e Romaria de Juazeiro do Norte, cerca de 200 mil romeiros de várias regiões do Nordeste passaram pela cidade. Wilton Ramos, de Alagoas, pedalou mais de 500 km com um grupo de amigos para participar pela primeira vez.
“Eu, nordestino, apaixonado pelo padre Cícero, apaixonado pela história do nordestino nunca tinha vindo aqui”, contou ele ao canal do santuário. “Eu sempre dizia que queria ir a Juazeiro, mas de uma forma diferente, não quero só ir ao Juazeiro, quero ir para ficar na minha memória”.
Joelma Barbosa saiu do Rio Grande do Norte para pedir a Nossa Senhora das Candeias a cura da depressão de sua filha. “Hoje é a minha vitória, que eu só pedia isso, na minha vida eu só queria isso, que a minha filha pudesse ter a vida de adolescente como ela tinha antes. Hoje vim agradecer primeiramente a Deus e segundamente a Nossa Senhora”, disse ela.
“Não adianta só a gente pedir, a gente tem que pedir com fé e acreditar que vai dar certo e Nossa Senhora intercedeu por nós duas”, acrescentou.
O encerramento da romaria começou com a missa celebrada pelo bispo de Patos (PB), dom Eraldo da Silva, no largo da Capela do Socorro, onde está sepultado o corpo do servo de Deus padre Cícero Romão Batista.
“O que me chama a atenção nos títulos dados a Maria é que ela não retém para si o que o seu título evoca. Maria é a Mãe das Candeias porque ela nos traz a luz que é Jesus”, disse dom Eraldo na homilia.
“A gente olha para Maria e percebe que nela a gente pode contemplar a figura de Jesus como sendo a luz, remédio, o conselho, o ensinamento para a nossa vida”, continuou. Jesus é “a luz que ilumina as nações, luz que ilumina a nossa vida”.
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Depois da missa, os fiéis saíram em procissão pelas principais ruas do centro da cidade até a Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores onde na praça do santuário teve a bênção do Santíssimo e despedida com o “Adeus a Maria” e o show pirotécnico.
“Quando a gente volta para a nossa comunidade, para a nossa casa, a gente volta com as energias renovadas, com a esperança de mais amor ao próximo, mais carinho”, disse, agradecido pela experiência vivida na romaria, o romeiro José Victor, de Pernambuco. “Juazeiro é tudo de bom, vim para Juazeiro que é um pedacinho do céu e vamos levar para nossas casas um pedacinho do céu que é Juazeiro”.
Romarias em Juazeiro do Norte
A cidade de Juazeiro do Norte tem cinco ciclos de romarias no ano. A primeira delas é a Romaria da Morte de Padre Cícero Romão Batista, que acontece entre 17 e 20 de julho. A segunda é a Romaria de Nossa Senhora das Dores, padroeira da cidade, entre 1º e 15 de setembro. A terceira é a de Finados, de 29 de outubro a 2 de novembro. A quarta é o Ciclo Natalino, de 20 de dezembro a 6 de janeiro. E a quinta e última é a de Nossa Senhora das Candeias. Há também uma romaria permanente todo dia 20 de cada mês, com uma celebração às 6h em frente a capela onde padre Cícero está sepultado e que reúne cerca de 8 mil pessoas todo mês.
Citando números da Secretaria de Turismo e Romaria de Juazeiro do Norte, o padre Cícero José da Silva disse que cerca de 2 milhões de pessoas visitam anualmente Juazeiro que para ele é “uma cidade que tem o dedo de Deus, é o lugar de acolhida, é a Jerusalém do Nordeste”.
“Padre Uribe ficou aqui durante 48 anos nessa missão e ele dizia assim: os ricos vão a Roma, os pobres vêm a Juazeiro, é a Roma do Nordeste, é a Jerusalém, aquele lugar de visitar para nessa experiência de encontro com Deus, continuar na missão”, concluiu.
Nossa Senhora das Candeias
Nossa Senhora das Candeias é a celebração é o título mariano ligado à festa da Apresentação do Senhor e da Purificação da Virgem Maria, celebrada em 2 de fevereiro, 40 dias depois do Natal .
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O Evangelho de são Lucas (2, 22-32) narra: “Concluídos os dias da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor, conforme o que está escrito na Lei do Senhor: ‘Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor’ (Ex 13,2); e para oferecerem o sacrifício prescrito pela Lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos. Ora, havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Esse homem, justo e piedoso, esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele. Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não morreria sem primeiro ver o Cristo do Senhor. Impelido pelo Espírito Santo, foi ao templo. E tendo os pais apresentado o menino Jesus, para cumprirem a respeito dele os preceitos da Lei, tomou-o em seus braços e louvou a Deus nestes termos: ‘Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. Porque os meus olhos viram a vossa salvação que preparastes diante de todos os povos, como luz para iluminar as nações, e para a glória de vosso povo de Israel’”.
Essa festa também é chamada de festa das luzes, pois Jesus é a “luz” que veio “iluminar as nações”.
Nossa Senhora das Candeias é também conhecida como Nossa Senhora da Candelária, Nossa Senhora da Luz, Nossa Senhora da Purificação.
A devoção à Virgem da Candelária tem sua origem em Tenerife, Ilhas Canárias, onde pastores nativos guanche encontram uma imagem de Nossa Senhora, por volta de 1400, antes da conquista espanhola. Um dos pastores tentou acertá-la com uma pedra, mas seu braço ficou paralisado. O outro tentou esfaqueá-la, mas acabou se esfaqueando. Eles avisaram ao rei local e depois voltaram ao local, com reverência e temor, e levaram a imagem para Cueva de Chinguaro, onde ficava o rei.
Com a chegada dos cristãos à ilha, a imagem foi levada para Cueva de Achbinico, onde hoje é a cidade de Candelária. Lá foi construído o primeiro santuário dedicado à Virgem, que ficou pronto em 1672, mas foi destruído em um incêndio em 1789.
Em 1826, a imagem foi perdida em uma inundação. A devoção à Nossa Senhora da Candelária, porém, se manteve e, um ano depois, outra imagem foi esculpida. É a mesma imagem que atualmente está na basílica da Candelária, construída entre 1949 e 1959
Em Portugal, a devoção começou a ser venerada no século XV, quando o devoto Pedro Martins encontrou uma imagem de Nossa Senhora iluminada por uma estranha luz no sítio Carnide, em Lisboa. No local, foi construído um convento e uma igreja dedicados à Virgem das Candeias.
A devoção a Nossa Senhora das Candeias, ou Nossa Senhora da Candelária, chegou ao Brasil trazida pelos colonizadores portugueses e se espalhou pelo país.