Este artigo é o do site Aci Digital
Para ler o artigo original clique aqui!

Por Solène Tadié

19 de mai de 2025 às 11:56

A Igreja homenageia este ano uma santa cujo impacto só cresceu com o tempo. Cem anos depois de sua canonização, o jubileu de santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face atrai peregrinos à sua mensagem duradoura de confiança, amor e simplicidade alegre.

Canonizada pelo papa Pio XI em 1925 e declarada doutora da Igreja pelo papa são João Paulo II em 1997, santa Teresa de Lisieux é uma das figuras espirituais mais queridas do catolicismo moderno. Sua "pequena via", enraizada na confiança infantil na misericórdia divina, continua a cativar os corações dos fiéis e dos buscadores espirituais.

O ano do centenário, com o tema “Alegria na santidade” começou em 4 de janeiro e continuará até o Natal, com um fim de semana de comemorações de 16 a 18 de maio na cidade natal da santa, Lisieux, no norte da França.

Um fim de semana especial em Lisieux

Os principais eventos comemorativos começaram na última sexta-feira (16) à noite com uma procissão à luz de velas das relíquias de santa Teresinha a partir do convento carmelita local — onde a santa passou sua vida religiosa — até a basílica, seguida de uma vigília com cânticos.

No último sábado (17), dia do centenário da canonização, o dia foi aberto com uma reunião solene diante do relicário, com hinos corais e sinos de carrilhão. Em seguida, às 11h (6h no horário de Brasília), houve uma missa, transmitida ao vivo por várias redes sociais. Ao longo da tarde, os peregrinos foram convidados a participar de várias atividades espirituais, artísticas e voltadas para as famílias. Entre elas, houve visitas guiadas a locais importantes da vida de santa Teresinha, um projeto colaborativo de mosaicos que reproduz seu retrato e a fachada da basílica, e a exibição do filme Thérèse de Lisieux, a giant's race (“Teresa de Lisieux, uma Corrida de Gigantes”, em tradução livre), dedicado à sua vida.

Um destaque do dia foi o concerto noturno da cantora franco-canadense Natasha St-Pier, cujas interpretações musicais dos poemas de santa Teresinha introduziram uma nova geração ao misticismo da santa. A artista, que repetidamente descreveu sua devoção pessoal à freira carmelita, tornou-se uma das mais proeminentes embaixadoras culturais da mensagem espiritual de santa Teresinha no mundo francófono.

Ontem (18), o último dia, começou com uma ligação simbólica ao presente da Igreja: a inauguração do pontificado do papa Leão XIV foi transmitida ao vivo de Roma para os telões da basílica. Mais tarde, à tarde, um encontro especial ocorreu em frente ao Carmelo para falar sobre a lista de milagres atribuídos à intercessão da santa, falando sobre sua duradoura proximidade com os fiéis.

O poder da 'Pequena Via'

Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram

Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:

O que continua a atrair pessoas para santa Teresinha é a simplicidade radical de sua visão espiritual. Numa cultura movida por conquistas, barulho e autoafirmação, seu "jeito pequeno" de fazer pequenas coisas com muito amor oferece um antídoto.

Falando sobre a influência duradoura da santa de Lisieux, o padre Emmanuel Schwab, reitor do santuário, falou recentemente sobre a exortação apostólica C'est la confiance ("É a confiança", em francês), publicada pelo papa Francisco em 2023, dedicada a santa Teresinha, que começa com uma frase da santa: "É a confiança, e nada além da confiança, que deve nos levar a amar".

“Essas últimas palavras resumem a sua 'pequena via': uma confiança desesperada em Deus que salva, dá a vida e nos leva a amá-lo acima de tudo”, disse o padre à diocese de Paris.

A mensagem de santa Teresinha é ainda mais relevante hoje, visto que sua jornada espiritual não foi isenta de provações. Nascida em Alençon em 1873, ingressou no Carmelo de Lisieux só com 15 anos de idade e morreu de tuberculose em 1897, aos 24 anos. No Domingo de Páscoa de 1896, já gravemente doente, entrou no que chamou de sua "noite da fé". Nos últimos 18 meses de sua vida (um ano e meio), ela experimentou a ausência de todas as suas habituais imagens reconfortantes de Deus. Esse período de escuridão espiritual, como descrito pelo teólogo padre François Marxer, ensina os fiéis "a não fazer um pacto ou entrar em confronto, mas a suportar aquela parte de ateísmo que todos carregamos dentro de nós", conscientes de que "essa noite é o próprio Deus".

Essa capacidade de falar com almas feridas e em busca de inspiração é parte do que atraiu a cantora Natasha St-Pier tão profundamente para a órbita da santa.

“Teresinha me ajudou a descobrir uma fé simples de aplicar no dia a dia. Essa fé não exige grandes ações, grandes demonstrações ou culpa. Deus nos ama, mesmo que sejamos pecadores, mesmo que não sejamos excepcionais”, disse St-Pier ao jornal católico francês La Croix em 2018.

Um jubileu global

As comemorações do centenário se estendem além da França. Nos EUA, um importante tour de relíquias percorrerá cerca de uma dúzia de cidades de outubro a dezembro, com paradas nos santuários nacionais de santa Teresinha em San Antonio, no Estado do Texas; no Estado de Michigan; e no Estado da Flórida. Outras paróquias locais, como a igreja de Santa Teresinha em Alhambra, Califórnia, farão procissões eucarísticas e conferências em torno do aniversário de maio.

Assine aqui a nossa newsletter diária

Na Irlanda, o santuário de Nossa Senhora de Knock sediará o "Dia Internacional de Santa Teresa" em 13 de julho, combinando veneração às relíquias, celebração eucarística, procissão do terço, conferências e celebrações comunitárias. O Reino Unido também está preparando comemorações nacionais, especialmente nas paróquias dedicadas a santa Teresinha, com uma celebração de uma semana que teve seu auge com missas solenes ontem (18).

À medida que os fiéis convergem para Lisieux e se reúnem em diferentes continentes, eles fazem isso não só para homenagear uma santa, mas também para se reconectar com uma intuição espiritual que continua a iluminar os recantos sombrios da vida moderna. Ao celebrar o centenário de sua canonização, a Igreja volta mais uma vez o olhar para a audácia infantil da promessa de santa Teresinha: "Passarei o meu céu fazendo o bem na terra".

Solène Tadié é correspondente europeia do National Catholic Register. Ela é franco-suíça e cresceu em Paris (França). Depois de se formar em jornalismo pela Universidade Roma III, ela começou a fazer matérias sobre Roma e o Vaticano para a Aleteia. Ingressou no L’Osservatore Romano em 2015, onde trabalhou sucessivamente na seção francesa e nas páginas culturais do jornal italiano. Ela também colaborou com várias organizações de mídia católicas de língua francesa. Solène é bacharel em filosofia pela Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino.