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16 de abr de 2025 às 12:50
O papa Francisco disse que hoje existem muitos adultos que não conseguem manter um relacionamento “porque são egoístas”. O papa disse também que, em qualquer compromisso, “há sempre algo que devemos perder para ir ao encontro do outro” na catequese apresentada por escrito hoje (15) para a audiência geral de quarta-feira.
Desde que foi internado por problemas pulmonares em 14 de fevereiro, o papa Francisco não concedeu audiências gerais em pessoa.
No texto divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, o papa Francisco disse que na parábola do filho pródigo “encontramos o coração do Evangelho de Jesus, ou seja, a misericórdia de Deus”.
“Ao nosso redor vemos até muitos adultos assim, que não conseguem levar adiante uma relação porque são egoístas”, disse Francisco.
O papa fez um paralelo com a o filho mais novo da parábola, que “só pensa em si próprio, como acontece em certas fases da infância e da adolescência”, com esses adultos egoístas.
Como disse o papa, eles “têm a ilusão de se reencontrar a si mesmos, mas ao contrário perdem-se, pois só quando vivemos para alguém vivemos verdadeiramente”.
Neste novo ciclo de catequese dedicado às parábolas do Evangelho, o papa Francisco disse que Jesus contou essa parábola diante dos fariseus e dos escribas que murmuravam contra ele por acolher os pecadores, por isso dirigiu a reflexão de hoje “àqueles que se perderam, mas não o sabem e julgam os outros”.
O papa Francisco disse também que nessa parábola “o Evangelho quer confiar-nos uma mensagem de esperança, porque nos diz que, onde quer que nos tenhamos perdido, seja como for que nos tenhamos perdido, Deus vem sempre à nossa procura!”
“O amor é um dom precioso, deve ser tratado com cuidado”
O papa disse então que o filho mais novo representa os que se afastam porque sentem o relacionamento com Deus ou com os outros como um fardo: “Ele se cansou de estar num relacionamento que parecia muito exigente”.
“Esse filho mais novo, como todos nós, tem fome de afeto, quer ser amado. Mas o amor é um dom precioso, deve ser tratado com cuidado. No entanto, ele desperdiça-o, vende-se a si próprio, não se respeita”, disse Francisco.
“Com efeito, quando toca o fundo do poço, o filho mais novo pensa em voltar para a casa do pai, a fim de recolher do chão algumas migalhas de afeto”, escreveu o papa Francisco, que também falou sobre como o vazio emocional pode abrir a porta para relacionamentos prejudiciais.
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“O risco é que, nesses momentos, imploremos afeto e nos apeguemos ao primeiro senhor que aparecer”, disse o papa.
Para Francisco, são essas experiências que fazem nascer nas pessoas “a convicção deturpada de que só podemos estar numa relação como servos, como se tivéssemos que expiar uma culpa ou como se não pudesse existir o amor verdadeiro”.
Em vez disso, segundo o papa Francisco, só “quem nos ama verdadeiramente pode libertar-nos desta falsa visão do amor”.
“Na relação com Deus, fazemos precisamente esta experiência”, disse também o papa.
O papa Francisco referiu-se à obra O Retorno do Filho Pródigo, do pintor Rembrandt, destacando dois detalhes significativos:
“A cabeça do jovem está rapada, como a de um penitente, mas parece também a cabeça de uma criança, porque este filho renasce. E depois as mãos do pai: uma masculina e outra feminina, para descrever a força e a ternura no abraço do perdão”.
Em sua reflexão, o papa também falou sobre o irmão mais velho, uma figura muitas vezes esquecida, mas importante na parábola:
“É o filho que sempre ficou em casa com o pai, e que, no entanto, estava distante dele, longe do coração. Talvez até este filho quisesse partir, mas por medo ou por dever permaneceu lá, naquela relação”.
Francisco alertou, a este respeito, para o perigo de viver sem respeitar a liberdade interior: “Quando nos adaptamos de má vontade, começamos a alimentar a raiva dentro de nós e, mais cedo ou mais tarde, esta raiva explode”.
Assim, o papa Francisco destacou que, paradoxalmente, no final da parábola “é precisamente o filho mais velho que acaba por correr o risco de permanecer fora de casa, pois não partilha a alegria do pai”.
Apesar disso, o pai também sai ao seu encontro e “não o repreende, nem o chama ao dever”. Para o papa, essa é a principal razão que sustenta a esperança cristã: “Podemos esperar, pois sabemos que o Pai nos espera, nos vê de longe e deixa sempre a porta aberta”.
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Por fim, Francisco convidou os fiéis a se perguntarem quem são na parábola e a pedirem a Deus Pai ” a graça de poder, também nós, encontrar o caminho de volta para casa”.