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11 de abr de 2025 às 16:23
O padre Fábio Vieira, da diocese de Corumbá (MS), morou um ano com a família de Carlo Acutis em Assis, na Itália, por causa do confinamento geral imposto em 2020 na Itália como medida de combate à covid-19. Para ele, foi Carlo quem o mandou do Brasil para que a família dele tivesse a eucaristia todos os dias num momento em que o mundo inteiro ficou sem missas.
“O mundo todo ficou sem missa, mas a família do Carlo não ficou nem um dia, parece que o Carlo sabia, mandou o padre do Brasil para dentro da casa deles, e o que os sustentou naquele ano foi a eucaristia”, disse o padre Fábio.
A amizade do padre com a família começou em 2012, quando encontrou um santinho de Carlo em uma paróquia de Campo Grande (MS). Ao ver o telefone na imagem, decidiu ligar, já que estava indo para a Itália com outro padre e queria visitar o túmulo do adolescente. Para sua surpresa, quem atendeu foi Antonia Salzano, mãe de Carlo. Ela o recebeu em Assis e foi o início de uma amizade entre os dois.
“A gente foi ao cemitério, dona Antonia nos levou para a casa dela, depois fomos ver o padre Pio, e foi uma coisa tão natural, tão espontânea”, contou o padre. “Quando eu voltei para Corumbá (MS), comecei a divulgar a devoção ao Carlo e continuei mantendo contato com dona Antônia”.
“Parece que foi uma coisa que foi sendo preparada pelo Carlo”, disse o padre, lembrando que o milagre para a beatificação foi a cura do brasileiro Matheus Vianna, de Campo Grande (MS), no ano seguinte, em 2013. Ele sofria de uma malformação congênita conhecida como pâncreas anular e ficou completamente curado depois de pedir a intercessão de Carlo. Depois do reconhecimento desse milagre pela Santa Sé, Carlo foi beatificado em 10 de outubro de 2020.
“Quando aconteceu o suposto milagre no Brasil, em Campo Grande, o arcebispo e a equipe do tribunal me delegaram para ser o portador do processo”, disse o padre. Com isso, todos os anos ia para a Itália e, convidado por Antonia Salzano, passava alguns dias na casa da família do Carlo e os ajudava na Associação Carlo Acutis.
Ele participou de momentos importantes como a exumação dos restos mortais de Carlo e a transferência em 2019 para o Santuário do Despojamento, onde são Francisco de Assis deixou tudo para seguir Jesus.
O padre contou que depois desses anos de amizade com a família e das visitas frequentes, Antonia Salzano o convidou para passar um tempo maior com eles para ajudar na Associação Carlo Acutis. No final de 2019 o padre Fábio entregou o seu cargo como pároco da catedral de Corumbá e foi para Assis em janeiro de 2020. Estando na casa da família, foi surpreendido pelo fechamento geral imposto como medida de combate à covid-19 e teve que ficar em quarentena com a família.
“Foi para mim um grande noviciado, porque ficamos ali dez pessoas dentro de casa, eu, a mãe, o pai, os irmãos, a avó, a tia, e foi uma graça mesmo”, disse o padre. “O mais marcante dessa experiência é que o Carlo não morreu, ele estava no café da manhã, no almoço, na janta, era o assunto sempre”.
“Mas de tudo, o que mais me chama atenção é a mãe. Ela é a mensagem viva do filho”, disse. “De uma generosidade. Às vezes eu parava pra ficar olhando pra ela e pensava como que alguém pode ter sido tão transformada pela ação do próprio filho”.
“Em contraponto àquela frase que santo de casa não faz milagre, o Carlo fez milagre primeiro na casa dele”, disse o padre. “Eu nunca vi dona Antônia mal-humorada. Daqueles dias todos que eu vivi lá, ela estava sempre sorrindo, sempre plena”.
Segundo o padre Fábio, a mãe de Carlo Acutis o considera como um filho, “embora a gente tenha quase a mesma idade. Então se eu sou filho dela, eu sou irmão do Carlos. Então eu me senti realmente como um filho”.
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Outro momento marcante desse tempo foi a beatificação em 10 de outubro de 2020. O padre ajudou a família nos preparativos e pôde concelebrar a missa na basílica São Francisco de Assis.
A convivência com a família Acutis permitiu que ele conhecesse histórias e detalhes sobre a vida de Carlo, que o inspiraram a começar o apostolado Devotos de Carlo Acutis Brasil, quando ainda estava em Assis em março de 2020.
“Então foi assim. E quando voltei, aí não parei mais”, disse. “Nesses quatro anos, saíram dois livros que eu nunca imaginei na minha vida escrever”.
O primeiro, Foi Carlo, narra com detalhes o que foi conviver com a família do Carlo. “Falo de cada um dos membros da família, a experiência de Assis, a pandemia”.
O segundo é Carlo Sim, Eu Não. “Eu já narro aí um pouco a minha experiência pastoral mesmo, de apostolado mesmo, de missão, nesses quatro anos”, disse o padre.
Carlo Acutis será canonizado no dia 27 de abril, em Roma durante o Jubileu dos Adolescentes. Ele é conhecido como “ciberapóstolo da Eucaristia”, “apóstolo dos millennials” e, recentemente, “apóstolo da Internet”, porque foi um divulgador de milagres eucarísticos por meio da internet, tendo criado um site com essa finalidade. O jovem dizia que a Eucaristia era sua autoestrada para o céu. Ele morreu aos 15 anos de leucemia promielocítica aguda (LMA M3), a forma mais agressiva desse tipo de câncer em 12 de outubro de 2006, dia de Nossa Senhora Aparecida
Devotos de Carlo Acutis Brasil
O apostolado Devotos de Carlo Acutis Brasil começou em março de 2020, com o padre Fábio rezando o terço diariamente pelo Instagram, do quarto do Carlo, pelo fim da pandemia. Depois, o apostolado se estendeu ao YouTube com lives de formação e transmissão de missas, com o objetivo de “fazer com que Nosso Senhor Jesus Cristo seja mais conhecido, amado e servido, a partir da divulgação do exemplo de santidade do Beato Carlo Acutis, e de seu legado”, diz o site dos Devotos de Carlo Acutis.
Atualmente o padre leva a relíquia do beato por todo o Brasil e propaga a sua devoção em encontros e eventos.
“Vocês não têm noção do que foi, do que está sendo esse garoto, esse jovem, esse menino Carlo Acutis, aprontando aí no coração das pessoas”, disse o padre sobre a sua experiência de levar a mensagem do Carlo a todo o Brasil.
Segundo o padre, há muitos testemunhos de graças alcançadas, pessoas que querem mudar de vida e “tentar fazer esse caminho de santidade”. “O Carlo está chamando muito a atenção dos jovens para dizer: ‘olha, não está fora de moda ser santo não, vale a pena!”, concluiu.