Reflexão de Dom Mário Spaki sobre o Evangelho deste 24 de junho
Hoje, dia 24 de junho, fiéis e interessados nas escrituras puderam acompanhar uma reflexão aprofundada sobre o Evangelho do dia. Dom Mário Spaki, que lidera
Em março de 2004, um missionário português chegou a Angola com o objetivo de iniciar a presença de sua congregação, os Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos), juntamente com outros três religiosos. Eles foram recebidos no Bairro do Km 9/A, uma zona de Luanda marcada pela pobreza. O cenário inicial era desafiador, com pouca ou nenhuma infraestrutura. No entanto, encontraram um elemento fundamental: um povo de profunda fé que os acolheu de braços abertos.
Apesar das cicatrizes visíveis da guerra na paisagem e nas pessoas, a esperança e o calor humano da comunidade foram imediatamente tocantes. Havia muitas carências materiais, mas a presença divina era sentida. Foi a partir dessa fé partilhada que o trabalho começou.
A atuação missionária se desenvolveu na Diocese de Viana, onde a sede da congregação foi estabelecida. O ministério abrangeu a assistência paroquial, a formação de lideranças (catequistas, jovens, clero) e o apoio às atividades diocesanas.
A maior dificuldade inicial foi a adaptação cultural em um país com vasta diversidade linguística e étnica. Como a missão atendia pessoas de diferentes origens, a comunicação não podia depender de uma única língua local. A solução encontrada foi a linguagem universal da presença, da escuta atenta e da compaixão sincera. Viver lado a lado com o povo foi a maior lição de como ser verdadeiramente irmão, padre e missionário.
A rotina simples revelou o que é essencial na vida. As pessoas, mesmo com poucos recursos, demonstravam uma notável capacidade de partilha. A comunhão entre os próprios missionários, com outras ordens religiosas e com os leigos locais, tornou-se um sinal forte da ação do Espírito. A Igreja nesse contexto manifestava-se não primordialmente como um prédio, mas como uma comunidade viva que celebrava, aprendia e crescia unida.
Diversos grupos, especialmente os jovens, floresceram com grande desejo de participar e servir. Muitos se questionavam sobre o significado da identidade dehoniana naquela realidade, e alguns sentiram o chamado a seguir essa vocação, atraídos pela espiritualidade centrada no amor reparador, na entrega total e na vida fraterna.
Os obstáculos foram muitos: a pobreza extrema, a necessidade de construir tudo do zero, a distância da família em Portugal. Contudo, a alegria contagiante do povo, a solidez da fé das comunidades e a união entre os irmãos de missão foram recompensas que superaram as dificuldades. A forma como foram acolhidos como parte da família, mesmo na carência, foi profundamente marcante. A fé desse povo foi uma verdadeira escola.
Além das estruturas físicas que foram erguidas, a missão se dedicou a lançar alicerces espirituais. A paróquia confiada aos missionários, Nossa Senhora do Rosário, ganhou vitalidade, grupos e movimentos se fortaleceram, e a capacitação de leigos e catequistas produziu frutos duradouros. Em todo esse processo, foi fundamental aprender a esperar, a estar presente e a acompanhar o ritmo da comunidade local.
Uma experiência particularmente significativa foi a participação no processo sinodal. Ouvir atentamente as pessoas, suas narrativas de vida, suas lutas e suas aspirações, permitiu uma imersão no coração da Igreja naquele lugar. Ficou claro que a sinodalidade é, antes de tudo, um modo de ser Igreja: caminhar juntos, ouvindo uns aos outros, discernindo e servindo.
Hoje, após duas décadas, a retrospectiva enche o coração de gratidão. A missão dehoniana em Angola deixou de ser um projeto distante para se tornar parte integrante da vida local. Seu crescimento foi discreto, construído através de encontros, rostos, nomes, partilhas, momentos de alegria e de dor. O legado não se resume a grandes construções, mas sim a gestos de fidelidade e constância no dia a dia.
Uma parte do coração ficou para sempre naquela comunidade, mas o coração do missionário regressa transformado. Ali se aprendeu que, mesmo na falta de tudo, o amor de Deus jamais abandona. Compreendeu-se o valor inestimável do essencial: as pessoas, os vínculos humanos e a fé partilhada em comunidade.
A palavra que melhor resume esses vinte anos é GRATIDÃO. Agradecimento a Deus, ao povo angolano, aos irmãos de congregação, às comunidades cristãs, aos jovens e aos pobres que, com sua existência, foram mestres de evangelização.
A missão, afinal, não é um lugar distante, mas uma forma de viver onde quer que se esteja. Ser missionário é estar disponível, saber ouvir e servir com generosidade. De volta a Portugal, a missão continua, pois o mundo inteiro é o campo de atuação. E é na entrega ao serviço do próximo que se encontra a verdadeira felicidade e o propósito da vida.
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