Açores: Devoção ao Espírito Santo vista como elo de unidade regional
O arquipélago açoriano celebra anualmente o seu Dia da Região na segunda-feira de Pentecostes, um facto que evidencia a importância da devoção ao Espírito Santo
O arquipélago açoriano celebra anualmente o seu Dia da Região na segunda-feira de Pentecostes, um facto que evidencia a importância da devoção ao Espírito Santo que permeia as nove ilhas e se estende pela vasta diáspora açoriana. Segundo o cónego Hélder Fonseca Mendes, sacerdote da Diocese de Angra e profundo conhecedor deste culto nos Açores, a região encontra na espiritualidade do Espírito Santo um elemento unificador.
Em declarações, o investigador salientou que “a devoção ao Espírito Santo funciona como um elemento congregador que une a região autónoma”. Ele sublinha que esta devoção popular é uma característica marcante da religiosidade açoriana, com celebrações que acontecem em todas as ilhas e se mantêm vivas nas comunidades açorianas espalhadas pelo mundo.
Estas festividades são conhecidas pela distribuição de alimentos como carne, pão e vinho, garantindo que “nestes dias toda a gente tem”, e frequentemente prolongam-se com os diversos ‘Impérios’ ao longo do tempo. Esta tradição, para além do seu significado religioso, serviu historicamente para mitigar a pobreza, configurando-se como um “programa social, cristão e cultural”.
O sacerdote, autor de estudos sobre a origem cristã do culto, destaca a riqueza das Irmandades do Espírito Santo, que conjugam piedade e serviço social. Esta dupla função confere-lhes uma dimensão extraordinária, abrangendo a caridade, a compaixão e também a pureza, exemplificada nos ‘impérios de inocência’ dedicados às crianças.
Contra críticas que veem no ‘Espírito Santo popular’ um desvio doutrinário, o cónego Hélder Fonseca Mendes reforça que o Espírito Santo venerado na devoção açoriana é inequivocamente a terceira pessoa da Santíssima Trindade.
Este ‘programa social’ das celebrações inspira uma “economia de comunhão, economia circular”, que visa a inclusão de todos. A prática da distribuição do ‘bodo’ na Terceira, em dia de Pentecostes, remonta ao final do século XV, atestando a longa história daquela que é hoje considerada a maior manifestação religiosa e cívica dos Açores. A distinção entre o sagrado, o cultural e o profano torna-se muitas vezes impercetível.
O investigador convida a olhar para as expressões menos visíveis da devoção, em locais remotos, descrevendo a experiência de visitar casas onde as famílias preparam um espaço dedicado ao Espírito Santo para acolher os visitantes e rezar, um testemunho da profunda vivência pessoal da fé.
As festividades do Pentecostes nos Açores são frequentemente “prolongadas”, estendendo-se até à Santíssima Trindade ou mesmo ao Corpo de Deus. Para além do feriado regional na segunda-feira do Espírito Santo, algumas ilhas, como as do ‘triângulo’, mantêm a terça-feira como dia festivo. Embora partilhem uma estrutura base, as celebrações apresentam notáveis variantes entre ilhas e ‘Impérios’.
O regresso dos emigrantes é considerado um fator crucial para a preservação destas tradições populares, por vezes reintroduzindo influências de outras culturas, como a figura das ‘rainhas’ observada em algumas celebrações. O sacerdote refuta qualquer ideia de conflito entre a Igreja e os ‘Impérios’, sublinhando que o pároco é sempre bem-vindo em todas as fases da festa.
A segunda-feira do Espírito Santo foi consagrada como Dia da Região Autónoma dos Açores por um decreto de 1980, que reconheceu a espontaneidade e intensidade destas celebrações populares e a necessidade de um dia de descanso que afirmasse a identidade, filosofia de vida e unidade do povo açoriano, fundamentos da sua autonomia.
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