Inaugurou hoje na Igreja de São Pedro, em Leiria, a exposição intitulada "O Clamor da Ruína", com o propósito de direcionar o olhar público e, especialmente, as autoridades governamentais, para a situação do antigo seminário da cidade. Este imóvel histórico, atualmente propriedade do Estado, encontra-se em estado de abandono.

As entidades locais, a Câmara Municipal de Leiria e a diocese, partilham o desejo de transformar o antigo seminário num futuro Museu de Arte Sacra diocesano. Para que este projeto avance, é fundamental a cedência gratuita do edifício pelo Estado.

O presidente da autarquia de Leiria sublinhou que a mostra artística serve como um alerta, visando sensibilizar a classe política para a importância de valorizar e recuperar o património devoluto e em deterioração, como é o caso do antigo seminário.

É feito um apelo direto ao governo central, solicitando a transferência da posse do imóvel, detido pelo Ministério da Defesa, e o apoio financeiro para a reabilitação, mesmo que parcial, através de fundos comunitários.

O bispo de Leiria-Fátima expressou tristeza perante o cenário de abandono de um local que no passado foi um centro vibrante de atividade. O prelado defende a necessidade de colaboração para encontrar soluções que permitam colocar o edifício ao serviço da comunidade, honrando o passado e impulsionando o futuro da cidade.

Marco Daniel, responsável pela curadoria da exposição, explicou que o título completo, "O Clamor da Ruína: Que Futuro para o Antigo Seminário de Leiria?", reflete o estado deplorável do edifício seiscentista. As suas pedras silenciosamente "clamam por atenção", evidenciando a degradação pelo tempo e pela vegetação, como retratado na exposição.

Descrito como um dos locais mais cativantes de Leiria, ligado à história da diocese e ao seu papel como centro de formação intelectual no século XVII (não só para clérigos, mas aberto a outras elites), o antigo seminário é visto pelo curador como um espaço ideal para exibir o valioso acervo sacro e cultural da diocese e do município.

O artista Miguel Cardoso, que desenvolveu uma residência artística para criar as obras expostas, procurou captar a essência poética do edifício em ruínas. Ele manifestou a crença na possibilidade de reuso do espaço, talvez retomando a sua vocação original de formação ou similar.

A exposição "O Clamor da Ruína: Que Futuro para o Antigo Seminário de Leiria?" estará aberta ao público na Igreja de São Pedro, em Leiria, até ao dia 30 de novembro.