A centenária tradição do Lanço da Cruz, que acontece anualmente entre Cristelo Covo, no concelho de Valença (Portugal), e Sobrada, em Tomiño (Galiza, Espanha), foi oficialmente reconhecida e inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial. A confirmação desta inclusão foi publicada no Diário da República na passada sexta-feira.

Em breve, está prevista a realização de uma cerimónia pública no Município de Valença para a entrega de uma placa comemorativa deste importante reconhecimento.

O Lanço da Cruz destaca-se como uma celebração pascal única na fronteira, realizada sempre na segunda-feira de Páscoa. Esta romaria congrega milhares de pessoas de ambas as margens do rio Minho, misturando elementos de fé cristã com antigos rituais pagãos associados à água.

A decisão de integrar esta tradição no inventário nacional fundamenta-se na sua relevância como prática religiosa e identitária para as comunidades fronteiriças de Valença (Portugal) e Tomiño (Espanha). Foram também considerados os processos sociais e culturais que deram origem a esta manifestação, com registos documentais que remontam ao século XIX, e a forma como a tradição se manteve e evoluiu até aos nossos dias.

O Património Cultural I.P. salientou, na sua informação, a vitalidade atual da tradição e como é passada entre gerações, reforçando os laços transfronteiriços entre Portugal e Espanha.

Para o presidente da Câmara Municipal de Valença, este reconhecimento é uma fonte de grande orgulho para o concelho e representa uma maior responsabilidade em preservar e promover este que é um dos principais símbolos da identidade da região fronteiriça, partilhada com Tomiño, o Minho e a Galiza.

Os locais centrais desta romaria galaico-minhota, vivida com grande fervor popular, são o Santuário, o parque de merendas da Senhora da Cabeça, o Cais de Sobrada e o próprio rio Minho.

Esta classificação é fruto de um trabalho conjunto de valorização e divulgação do património cultural de Valença. Em pouco mais de um ano, o município viu duas das suas tradições — a Feira dos Santos de Cerdal e agora o Lanço da Cruz — serem inscritas no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, resultado de um esforço contínuo de documentação e articulação com as entidades competentes.