A atividade no espaço expositivo montado na Casa de Detenção Feminina da Giudecca, visitada pelo Papa no final de abril, continua intensa. No dia 10 de setembro está programada, na Gallerie d’Italia de Intesa Sanpaolo em Milão, a apresentação do catálogo publicado pela Marsilio Arte, com prefácio do Papa Francisco.
Vatican News
Foi o Papa Francisco, o primeiro a prestar homenagem à arte da Bienal no último dia 28 de abril, admirando durante sua visita a Veneza a exposição montada dentro da Casa de Detenção Feminina da Giudecca. O Dicastério para Cultura e a Educação informa em comunicado que a exposição internacional intitulada “Com os meus olhos”, curada por Chiara Parisi e Bruno Racine, continua seu percurso criativo em um “contexto único”, que “permite entrelaçar experiências artísticas com a vida cotidiana das detentas, oferecendo um espaço de expressão e diálogo por meio de workshops internos e visitas guiadas abertas ao público”.
A atividade no Pavilhão
Desde a abertura oficial do Pavilhão, explica a nota, os oito artistas envolvidos no projeto (Maurizio Cattelan, Claire Fontaine, Bintou Dembélé, Simone Fattal, Sonia Gomes, Marco Perego, Zoe Saldana, Claire Tabouret, e com a colaboração do Conta Art Center) e as residentes da Casa de Detenção, apoiadas pela equipe curatorial, produção, educadores e agentes, têm realizado uma série de atividades laboratoriais que dialogam e complementam a parte expositiva aberta ao público.
Em setembro, o catálogo da Exposição
Faz parte do projeto o catálogo, também curado por Chiara Parisi e Bruno Racine e publicado pela Marsilio Arte, que será apresentado oficialmente no dia 10 de setembro próximo na “Gallerie d’Italia” de Intesa Sanpaolo em Milão e estará disponível para distribuição em livrarias e online no site da Marsilio Arte a partir do dia 6 de setembro. Realizado sob a direção artística de Irma Boom, o catálogo conta com uma prefácio do Papa Francisco e inclui um contributo do cardeal José Tolentino de Mendonça, Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé e comissário do Pavilhão, uma introdução de Giovanni Bazoli, presidente emérito da Intesa Sanpaolo, e prossegue com um rico texto curatorial que explora o projeto por meio dos depoimentos dos artistas envolvidos, de Olivian Cha e Nellie Scott (Corita Art Center, Los Angeles), das detentas do Instituto Penitenciário e da equipe.
O catálogo é enriquecido por um amplo aparato iconográfico, com fotografias de Marco Cremascoli, que mostram os projetos nos locais de detenção, e as de Juergen Teller, que capturam a histórica visita de Papa Francisco ao Pavilhão no dia 28 de abril, um evento significativo que viu o Pontífice encontrar as presidiárias e os artistas.
Compromissos criativos
As residentes detidas também participaram – de forma voluntária – de vários workshops, como o do duo Claire Fontaine, baseado no método Feldenkrais para promover a consciência de si em relação ao ambiente circundante por meio do movimento. O Corita Art Center de Los Angeles as envolveu em uma série de encontros para criar, por meio de escritos e esboços, declarações desenvolvidas segundo o método pedagógico inventado por Corita Kent.
O especial L’Osservatore di Strada
Nascida da colaboração com Maurizio Cattelan e as residentes da Casa, a edição especial de L’Osservatore di Strada, periódico do jornal L’Osservatore Romano, onde as residentes criaram os conteúdos editoriais. No dia 25 de setembro, será a vez da coreógrafa e dançarina Bintou Dembélé, que apresentará, a portas fechadas, uma versão inédita de “Rite de passage – solo II”, criada e interpretada pelo dançarino “Meech” Onomo.
“Dovecote” na Mostra de cinema
Por fim, durante a 81ª Mostra Internacional de Cinema de Veneza, no dia 5 de setembro, será apresentado no “Espaço Encontros” do Hotel Excelsior o tocante curta-metragem “Dovecote”, realizado pelo cineasta Marco Perego e protagonizado por Zoe Saldana. Filmado dentro da Casa de Detenção Feminina de Veneza, com a extraordinária participação das detentas como atrizes, o curta-metragem imerge o espectador em uma jornada introspectiva, em busca do significado mais profundo da liberdade.
Esses workshops e diálogos com as reclusas seguem a trilha das atividades iniciais que ajudaram a dar vida ao Pavilhão, como o workshop com as poesias das detentas que enriqueceram a obra de Simone Fattal, ou as fotografias pessoais das residentes para o laboratório de Claire Tabouret, visíveis também dentro do Pavilhão. Além disso, o percurso formativo para as residentes, que se tornaram guias e narradoras do Pavilhão, acompanhando os visitantes com suas perspectivas únicas e pessoais.