Cardeal Dri fala da amizade com o Papa e exorta: não deixemos de rezar por ele



Aos 97 anos de idade, entre ouvir uma confissão e outra, o cardeal Luis Dri concedeuu entrevista para falar da sua amizade com o Papa e pedir que as orações por sua saúde não parem. O confessor de Francisco também recordou os 10 dias que passou com Bergoglio no Vaticano.

Lucas Schaerer – Vatican News

“Não é fácil dizer o que você sente quando uma pessoa muito querida está doente”. A definição foi dada por uma pessoa especial. Luis Dri foi o confessor de Jorge Mario Bergoglio até sua partida a Roma, embora também o tenha confessado na Casa Santa Marta, quando o mandou chamar e o hospedou por 10 dias. “Quando fui ao Vaticano, a primeira coisa que me pediu foi de se confessar comigo, e várias vezes. Isso demonstra a confiança e o carinho que ele tem por mim e agradeço a ele e a todos por acompanhá-lo em oração”, revelou o cardeal nesta entrevista concedida na quinta-feira, 27 de fevereiro.

Nunca mais se é o mesmo depois de Luis Dri

Luis é um dos filhos espirituais do santo dos pobres e da natureza, já que deixou sua terra natal, Federación de la provincia de Entre Ríos, com apenas 12 anos de idade, para ir com os humildes frades do Rosário, cordões brancos na cintura, missionários de sandálias. 

O confessor de Bergoglio tem gestos de santidade. Ele beija as mãos de milhares de penitentes anônimos, e alguns famosos, que vão se confessar, oferece-lhes doces para adoçar as bocas depois de confissões amargas, além das poderosas bênçãos ao apoiar a sua grande mão na cabeça do confessor. A despedida com ele é impensável, quando diz: “adeus, meu anjo”. Nunca mais se é o mesmo depois de Luis Dri. 

O grande confessor ficou órfão aos 4 anos de idade com 9 irmãos. Aos 7 anos trabalhava no campo e há 79 anos é um sacerdote inabalável de acordo com as regras da Ordem dos Frades Menores, fundada há mais de 800 anos por São Francisco de Assis. Dri passou por muitas doenças e internações, incluindo metástases de câncer, mas um mês e meio antes de completar 98 anos, ele ainda é o mesmo confessor tenaz e amoroso no colo da “Madonna”. Situada a três quadras da Ponte Alsina, na esquina das avenidas Saenz e Esquí, está a “catedral dos pobres”. Há 125 anos, o Santuário neogótico de Nossa Senhora do Rosário de Pompeya foi inaugurado na cidade de Buenos Aires. Aos pés dessa Virgem, trazida pela devoção dos italianos napolitanos, Diego Armando Maradona, o argentino mais querido de Nápoles, foi batizado poucos meses após seu nascimento. 

Oração e confissão

Trabalhadores pobres, viciados excluídos, profissionais, estudantes, aposentados, bispos, padres, sindicalistas, ativistas sociais, líderes políticos e pouquíssimos empresários se confessam de segunda a segunda com Luis, que os recebe, alguns pela manhã e outros à tarde, em sua cadeira de rodas no escritório/confessionário. Ele não desiste, apesar de suas dores e doenças, a vida o desgasta, mas ele continua. Ele permanece tenaz em seu trabalho: oração e confissão. Ele compartilha a mesma escola de pensamento do Papa Francisco, e um de seus ensinamentos mais duros é não tirar férias. “Eu fazia isso quando era jovem”, responde Dri quando perguntado sobre suas últimas férias.

Foi em 9 de julho de 2023, uma data que se destaca em nosso país, que o Papa dos Exercícios Espirituais anunciou novos cardeais. No consistório mais argentino de seu papado, saiu um movimento bergogliano, o avô da igreja, o humilde frade da Madona de Pompeya.

“Não deixemos de rezar neste momento difícil, a oração tem a força, os médicos fazem tudo o que podem e continuam fazendo, mas a oração é invencível porque é o próprio Deus rezando conosco pedindo, pedindo por este servo de Deus. Agradeçamos a Deus que ele esteja melhor, e que o poder do Espírito o ilumine e o fortaleça”, definiu o cardeal em um vídeo-relatório que canaliza através do programa de rádio ‘rezá x mí’ e de seu canal no youtube, onde permanece o legado de suas reflexões.

Jorge Mario Bergoglio não se esquece de suas viagens de ônibus do arcebispado de Buenos Aires, em frente à Plaza de Mayo (Rivadavia 415), para confessar seus pecados com o frade capuchinho. Ele ficou tão marcado pela misericórdia de seu confessor que, durante a Quaresma de 2017, em um encontro com o clero de Roma (já que o Papa é bispo da cidade italiana), Francisco presenteou dezenas de sacerdotes com o livro “Não tenha medo de perdoar”, sobre a vida de Dri, escrito pelos jornalistas italianos Andrea Tornielli (diretor-editorial do Vatican News) e Alver Metalli, no Vaticano.

“Quero que vejam meu rosto quando estive com o Papa, que vejam o gesto, a alegria que tive quando nos encontramos no Vaticano. Eu estava rezando três rosários por dia, imitando, ouvindo o que ele dizia ‘rezem por mim’, convidando todas as pessoas, todo o povo de Deus, crentes e não crentes, a rezar pelo Papa. Vocês sabem o quanto eu o amo e que passei 10 dias com ele, senti a presença do Papa, o carinho, o amor, a proximidade, o comer junto, isso me ajudou muito, ele me acompanhou em todos os momentos. Continuo rezando e rezando por ele com muito carinho, com muito amor, graças a Deus ele está melhor”, disse o cardeal Dri, que decidiu fazer o relato com as fotos impressas de seu abraço com o Sucessor de Pedro.

O tenaz confessor também falou sobre a cobertura da mídia sobre a internação de Francisco nos últimos dias: “incomodava-me quando jornalistas ou médicos diziam ‘ele está gravemente doente, vamos ver o que acontece esta noite’. Continuemos a rezar, rezemos pelo nosso amigo, não deixemos de rezar à Virgem por onde ele passa em cada viagem, para que lhe conceda saúde, força e que continue a governar a Igreja de Deus, e que o Espírito Santo o ilumine e o fortaleça, é o que experimento com muito carinho, dedicação, com muita alegria e felicidade, rezemos sempre pelo Papa, queridos irmãos e irmãs”.

Os confessores do Papa Francisco

Os confessores do Papa Francisco em Roma têm sido frades capuchinhos, em uma clara previsão do jesuíta com essa ordem para o sacramento da reconciliação com Deus. “Como ele adotou o nome de Francisco de Assis, está muito próximo de nós, franciscanos”, encerrou a entrevista o grande confessor e cardeal pobre.   

Antes de Dri, Bergoglio teve outro confessor lendário, já falecido: José Ramón Aristi, um basco espanhol da Congregação do Santíssimo Sacramento, com quem aprendeu, mesmo antes de se tornar padre, já que Jorge Mario o conheceu quando era adolescente, sobre a misericórdia e um rito pouco conhecido hoje, a adoração noturna do Santíssimo Sacramento, ou seja, a Eucaristia. De seu antigo confessor, Bergoglio recebeu a cruz do rosário quando estava sendo velado. Uma anedota que o próprio Papa revelou e que causou comoção mundial na época.



Fonte (Vatican News)

Estamos reproduzindo um artigo do site Vatican news.

A opinião do post não é necessariamente a opinião do nosso blog!

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