Centenário de nascimento de Frantz Fanon



Por ocasião do centenário de nascimento do psiquiatra da Martinica, Frantz Fanon, que ocorre este ano, o Border Research Group da Universidade de Sousse, na Tunísia, organiza nos dias 21 e 22 de fevereiro de 2025, um colóquio internacional sobre o tema “Alienação, violência e migração nas sociedades pós-coloniais da África do Norte”. Será na Faculdade de Medicina Ibn Eljazzar, em Sousse.

Dulce Araújo – Vatican News

Filósofos, antropólogos, psiquiatras, linguistas, escritores, poetas da Tunísia, África do Sul, Portugal, Estados Unidos, Alemanha, Canadá, vão reunir-se na Faculdade de Medicina Ibn Eljazzar, em Sousse, na Tunísia, para explorar, numa ótica de transdisciplinaridade, a herança do pensamento de Frantz Fanon na Tunísia e na África do Norte de hoje.

Psiquiatra, escritor e militante, Frantz Fanon marcou as ciências humanas e a medicina através das suas reflexões sobre a descolonização e as opressões pós-coloniais.

Nascido em Fort-de-France, na Martinica, Frantz Fanon viveu muitos anos na África do Norte, destacando os organizadores do Colóquio três etapas marcantes na sua vida intelectual que dão testemunho do impacto que viria a ter nessa região da África.

De 1951 a 1953 viveu em França, onde descobre a realidade dos trabalhadores magrebinos, encontra o renomado psiquiatra franco-espanhol, François Tosquelles, e escreve o seu famoso livro “Peau noire, masques blancs” (Pela negra, máscaras brancas).

De 1953 a 1957, está na Argélia, onde dirige o serviço psiquiátrico do Hospital de Blida-Joinville, analisa os efeitos psicológicos da descolonização e empenha-se junto dos militantes da libertação.

Finalmente, de 1957 a 1961, vive na Tunísia, onde esteve ligado ao Centro Psiquiátrico de Dia, no Hospital Charles Nicolle, ensina na Universidade de Tunes e escreve o livro “Les Damnés da la Terre” (Os miseráveis da terra) ao mesmo tempo que documenta os processos de alienação nas sociedades pós-coloniais.

Segundo os organizadores, o Colóquio procurará pôr em relevo as contribuições metodológicas e intelectuais de Frantz Fanon, abordando ao mesmo tempo as sequelas psicológicas, políticas e sociais da dominação colonial e pós-colonial, assim como a atualidade dos mecanismos de controlo da mobilidade e da exclusão.

Descolonizar os saberes e os espíritos

Um evento – consideram – incontornável para refletir sobre a atualidade e o pensamento do psiquiatra da Martinica, sobre o seu impacto nas sociedades africanas e magrebinas, e para tirar lições a fim de continuar o seu projeto de descolonização dos saberes e dos espíritos.

O Colóquio será articulado em diversas conferências, seguidas de debate, abrangendo temas como “Fanon e a questão duma epistemologia enraizada no Sul”; “A psiquiatria face aos desafios da descolonização: olhares sobre as práticas psiquiátricas norte-africanas”; “A literatura como experiência de descolonização: contributo do pensamento de Fanon”; “Heranças teóricas e práticas do pensamento de Fanon hoje.” Cada uma dessas temáticas contará com diversos intervenientes ao longo dos dois dias do encontro.  

Frantz Fanon faleceu nos Estados Unidos, a 6 de dezembro de 1961. 



Fonte (Vatican News)

Estamos reproduzindo um artigo do site Vatican news.

A opinião do post não é necessariamente a opinião do nosso blog!

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