A Faculdade Paulus de Comunicação (FAPCOM), em São Paulo, acolheu nos dias 15 e 16 de agosto o Congresso de Comunicação, organizado pela Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), junto com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a arquidiocese de São Paulo e a FAPCOM.
Padre Modino – Regional Norte 1 da CNBB
Mais de 200 participantes refletiram sobre comunicação, que segundo o diretor da edição portuguesa de Vatican News, Silvonei Protz, deve estar marcada pela criatividade, a liberdade e a responsabilidade. “Vocês representam aquilo que tem de bom na Igreja”, disse Protz aos participantes do congresso, lembrando o chamado do Papa Francisco a serem missionários em saída no mundo digital, dado que o fundamento de todo comunicador é anunciar o Evangelho.
A gestão de imagens na comunicação digital nos coloca diante de uma nova realidade, marcada por emoções a milhão. Segundo a jornalista Germana Costa Moura, estamos mais emotivos e vulneráveis que nunca, nos tornamos “viciados emocionais”. Na sociedade atual a comunicação é de todos, “todo mundo virou repórter”, a sociedade tem voz. A jornalista destacou a mudança de comportamento na sociedade atual, em que o consumidor tem voz, pois basta um smartphone na mão.
Um fenómeno muito presente hoje são as Fake News, uma realidade que condiciona a comunicação atual, dado que no mundo digital, a notícia falsa viraliza mais e com maior alcance, há 70% mais probabilidade de compartilhamento, circula seis vezes mais que as notícias verdadeiras. Isso porque provoca prejuízos reais imediatos, as crises vão chegar mais cedo ou mais tarde e a frequência de crise está mais acelerada. Igualmente, deve ser considerado que a Geração Z é muito mais ativista, e que devem ser evitadas polémicas desnecessárias, dado que decisões erradas custam caro.
Na existência humana os acontecimentos se entrelaçam e se reconfiguram continuamente, afirmou Marcus Tullius, abordando a temática da Comunicação, identidade e o advento de novos comportamentos. Segundo ele, “a identidade, assim como a vida, é um fluxo contínuo de experiências, emoções e desafios que se entrelaçam, exigindo de nós a coragem para nos reinventarmos e nos adaptarmos às novas realidades que surgem”, uma ideia presente no pensamento de dom Hélder Câmara, que dizia que “é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo.” Uma realidade que leva a se questionar sobre como as mudanças constantes no mundo digital afetam nossa compreensão de quem somos.
Nessa perspectiva, Marcus Tullius refletia sobre os diversos fatores na construção da identidade, falando sobre a distinção entre identidade e papeis. Ele se referiu aos passos dados para formar a identidade, marcada pela forma como os indivíduos se diferenciam e se identificam em contraste com os outros, mas também por relações de poder e pela relação com a casa comum. Daí ele abordou como construir comunidade e pensar na perspectiva cristã, destacando a importância dos costumes. Igualmente, a questão da identidade na sociedade hipermediatizada, que amplia a possibilidade de construção de vínculos, e provoca uma verdadeira revolução mental.
Na nova dinâmica comunicativa, especialmente impulsionada pela digitalização e pela interconectividade global, Marcus Tullius relatou alguns comportamentos que aparecem: autenticidade performática, participação mais ativa e colaborativa, formação de microcomunidades ou “tribos digitais”, consumo personalizado de informação, efemeridade, visibilidade constante e ansiedade de performance, e multiplicidade de identidades.
Partindo da definição de Inteligência Artificial, Maria Cristina Machado Domingues abordou as vantagens e riscos da IA, que não é algo novo, surgiu na década de 1950, apresentando as cinco divisões da IA: sistemas baseados em regras; aprendizado de máquina; redes neurais e aprendizado humano; processamento de linguagem natural, que tem a ver com os sentimentos; a robótica e seus impactos no emprego, no cognitivo.
Falando sobre o futuro dos artefatos de IA e seu uso na prática, foram colocadas as vantagens e riscos. Entre os riscos aparece a falta de transparência, preocupação com a privacidade, dilemas éticos, risco de segurança, concentração de poder, dependência da IA, deslocamento de trabalho, dentre outros. Uma realidade que apresenta desafios legais e regulatórios. Tudo isso, sem esquecer o grande risco que surge com a IA que é a perda da conexão humana.
Nos últimos anos mudou o significado e o valor das celebridades e nisso influencio as plataformas sociais, segundo Fernanda de Faria Medeiros. Segundo a professora, que abordou o tema dos “Influenciadores digitais: performances, práticas e tipologias”, celebridades são status negociados com o público. Ela refletia sobre a nova noção de fama e os influenciadores digitais, mostrando aquilo que os caracteriza: performance, conteúdos e agendamentos, nichos, visibilidade, intimidade, interação e monetização, profissionalização da influência digital.
Influenciadores que são alvo das empresas, mas que para isso precisam construir suas próprias imagens enquanto marcas, que depende da segmentação, autenticidade, visibilidade, engajamento e ressonância, segundo a professora da PUC-Minas. Alguns elementos presentes na influência digital são a representação da vida privada, a sensação de intimidade e a interação com o público, que leva a publicizar cenas do cotidiano, com autonomia e sensação de autenticidade, a demostrar disponibilidade.
A professora apresentou as práticas e estratégias comunicativas, marcadas pelo consumo individual, pela autoridade e autorreferencialidade, pelo valor celebridade, que tem a ver com a monetização, o que diz sobre os interesses do público, a produção de conteúdo. Nos influencers religiosos, abordando a relação entre influenciar e evangelizar, questionou se o alcance é o que importa. Finalmente, a professora refletiu sobre como pensar sobre as regulações em torno à profissão de “influenciador digital” considerando os anseios do público.
A cultura digital, ela representa uma mudança radical, algo que recolhe o Relatório de Síntese da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, provocando um modo de se relacionar com os outros, com a fé, com o ensino, com o ambiente. Isso em um ambiente com intensa circulação de informações, onde a verdade e a mentira podem se confundir, segundo o assessor de imprensa da CNBB, padre Arnaldo Rodrigues da Silva, que abordou o tema da “Comunicação digital e o anúncio da Verdade em tempos de Fake News”.
Ao respeito do papel da Igreja na comunicação da Verdade, o assessor de comunicação afirmou que a Igreja precisa ser esse faro ético de responsabilidades que ajude às pessoas que estão lá dentro. Na perspectiva da evangelização digital, a internet oferece, disse o padre Arnaldo, uma oportunidade sem precedentes para a evangelização, podemos utilizar plataformas digitais para disseminar o Evangelho e educar sobre a importância da verdade, o que exige discernimento e responsabilidade. Nesse sentido, se faz necessário conhecer ferramentas para descobrir se uma notícia é fake ou não, os desafios éticos que aparecem ao respeito, mas também as oportunidades, sabendo que os meios digitais são meios e não fins.
Fonte (Vatican News)
Estamos reproduzindo um artigo do site Vatican news.
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