O secretário para as Relações com os Estados está desde domingo (26/01) no Principado de Mônaco como convidado de Alberto II. Nesta segunda-feira (27/01), Solenidade da Santa Devota, celebrou missa. Ao recordar o testemunho da mártir, santa padroeira de Mônaco, denunciou o fato de que, ainda hoje, “afirmar a própria fé cristã pode levar a acusações de blasfêmia” ou a “discriminação, prisão ou morte”. O convite é para “não ceder à tentação de se deixar invadir pelo ódio”.
Salvatore Cernuzio – Vatican News
A “raiva” sim. Contra o mal e as injustiças é legítima. Mas o ódio jamais, mesmo quando alguém é perseguido por sua fé a ponto de ser discriminado, preso ou até mesmo morto. Do Principado de Mônaco, a cidade-estado de maioria católica, onde é hóspede do príncipe Alberto II desde domingo, 26 de janeiro, o arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário para Relações com Estados e as Organizações Internacionais do Vaticano, relembra o sofrimento de tantos cristãos que, em algumas áreas do mundo, sofrem violência e abuso.
O prelado se dirigiu a eles durante a missa na Catedral da Imaculada Conceição, por ocasião da festa da padroeiran de Mônaco, Santa Devota, exortando-os a não deixar que os corações sejam envenenados, mas não deixando de denunciar as violações da liberdade religiosa – “um direito fundamental, primário e inalienável, que deve ser promovido em todos os lugares e pelo qual outros, antes de nós e por nós, pagaram com suas vidas”.
A saudação do Papa
Uma sugestão para refletir sobre esse tema, infelizmente ainda relevante hoje, é o testemunho da santa padroeira, uma virgem da Córsega cruelmente martirizada em 304 depois de se recusar a obedecer ao imperador. Dévote foi torturada em Marselha antes de ser executada, apesar de sua pouca idade. As comemorações a ela começaram no dia da sua solenidade, domingo, 26 de janeiro, incluindo um show de drones, com a presença de Gallagher que, pela manhã, encontrou-se com Alberto II no Palácio Real e, à tarde, participou da procissão na Avenue Président J.F. Kennedy, juntamente com a família principesca.
Na manhã desta segunda-feira (27/01) foi celebrada a missa da festa patronal na presença de autoridades civis e militares, do núncio Martin Krebs, do clero local e habitantes do Principado. A todos, o arcebispo levou “a saudação, a proximidade e a bênção” do Papa e expressou condolências pela morte do ministro de Estado, Didier Guillaume, em 17 de janeiro. Ele também dirigiu um pensamento aos peregrinos que vieram da Córsega, a terra natal de Santa Devota.
Perseguições anticristãs
A história da padroeira orienta a homilia. Uma “triste lembrança” que recorda a conhecida declaração de Tertuliano: “o sangue dos mártires é a semente dos cristãos”. Uma frase que remonta a séculos atrás, mas que ainda brilha hoje por sua atualidade, considerando que “em vários países”, observou Gallagher, “afirmar a própria fé cristã pode levar a acusações de blasfêmia contra uma religião dominante, levar à discriminação no acesso a um emprego, a um cargo, a uma promoção ou até mesmo a uma propriedade, ou levar à prisão ou à morte”.
A liberdade religiosa em perigo
Esse não é o caso do Principado de Mônaco, “onde o catolicismo continua sendo a religião oficial”, esclareceu o secretário para as Relações com os Estados, mas em muitos países onde “não é tanto a fé cristã que está em perigo – a história tem mostrado que, mesmo em países onde foram feitas tentativas de erradicá-la, ela resiste e se fortalece diante dos ataques – mas sim a liberdade religiosa que está seriamente ameaçada”. E essa liberdade “é um bem inestimável, um bem a ser preservado, defendido e respeitado”. Os eventos atuais revelam, no entanto, uma “lista cada vez maior de horrores, onde os cristãos – e muitos outros – são vítimas de injustiça e violência”. Diante desse cenário, o secretário para as Relações com os Estados pediu de “não ceder à tentação de deixar que nossos corações sejam invadidos pelo ódio!”.
Humildade para alcançar a paz
Ainda na homilia, e também olhando para a longa linha de mártires, Gallagher falou sobre a “coragem da paz” como um “caminho de esperança” diante de obstáculos e provações. “É cultivando a humildade, a gentileza e a magnanimidade que conseguiremos derrubar os muitos muros invisíveis que marginalizam, separam e isolam nossas sociedades”, disse ele. “Onde há orgulho, sempre há guerra, sempre há o desejo de derrotar os outros, de se achar superior“, acrescentou: ”sem humildade não há paz e sem paz não há unidade”.
Semear a esperança nas desolações do mundo
Na conclusão da homilia, Gallagher convidou a “viver plenamente a própria fé” diante dos desafios deste mundo. Um convite reforçado por uma imagem, a imagem tipicamente de Mônaco do Grande Prêmio de Fórmula 1, cuja primeira curva do circuito leva o nome de Santa Devota. E essa curva não é a mais complexa tecnicamente, mas tem “um poderoso significado espiritual” porque simbolicamente convida a avaliar cuidadosamente “os pontos de virada de nossa vida cristã, as mudanças de direção muitas vezes inevitáveis”, disse o arcebispo. “Que esse ponto de virada de Santa Devota nos ajude a evitar deslizes, a manter o curso em uma estrada reta e segura: aquela de Cristo”, foi o seu desejo para todos presentes, juntamente com o incentivo para “se comprometer sem demora”, durante todo o Jubileu, “na busca pela esperança perdida, para semeá-la nas desolações do nosso tempo e do nosso mundo”.
Fonte (Vatican News)
Estamos reproduzindo um artigo do site Vatican news.
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