Celebrou-se a 21 de fevereiro 2025 o 25º Dia Internacional das Línguas Maternas. Ocasião para se refletir sobre a importância das línguas na definição da identidade nacional e num desenvolvimento mundial inclusivo. Em Cabo Verde, onde a questão da oficialização da língua crioula ao lado do português tem sido tema de debate desde a independência em 1975, uma conferência debruça-se hoje sobre o assunto. E é lançado um romance crioulo pela Rosa de Porcelana Editora.
Dulce Araújo – Vatican News
Celebrou-se ontem, 21 de fevereiro, o 25º Dia Internacional da Língua Materna. Meio século de esforços por preservar a diversidade linguística no mundo e promover a utilização das línguas maternas. É uma ocasião para se refletir sobre realizações possíveis neste domínio, renovar os empenhos e sublinhar o papel essencial da preservação das línguas na salvaguarda do património cultural e criação de sociedades pacíficas e plurais.
O Dia Internacional da Língua Materna foi lançado pela UNESCO sob proposta do Bangladesh e é comemorado desde o ano 2000. Este ano o evento central organizado nos dias 20 e 21 na sede da UNESCO em Paris, teve por tema “As línguas contam” e trouxe para a reflexão a urgência de acelerar o progresso em matéria de diversidade linguística a fim de construir um mundo mais inclusivo e durável daqui até 2030.
Em Cabo Verde, o cabo-verdiano ou crioulo é a língua materna, falada em todo o país, mas que aguarda ainda ser oficializada ao lado da língua portuguesa e dotada de todos os instrumentos necessários para a sua promoção e ensino nas escolas.
Tendo em conta este contexto e o Dia Mundial da Língua Materna, o ensaísta, poeta e editor cabo-verdiano, Filinto Elísio, teceu algumas considerações em que exprime sintonia com a UNESCO que considera as línguas um fator determinante da cultura. Também concorda com o Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, segundo o qual a oficialização da língua cabo-verdiana seria uma grande prenda para o país no ano em que celebra os 50 anos da independência nacional. Seria também uma forma de acrescentar mais um ponto à soberania nacional que não é só de carater política, mas também cultural e linguístico. Tudo isso, sem deixar de acarinhar a língua portuguesa que é também cabo-verdiana. Mas não se pode ignorar que a língua cabo-verdiana nativa é também elemento da unidade global de Cabo Verde com a sua diáspora – salienta o poeta.
E precisamente da diáspora, acrescenta a professora Márcia Souto, vem o romance em crioulo, Nuninha da autoria de Andreia Tavares de Sousa que teve menção honrosa do Prémio Llana, livro com que a Rosa de Porcelana Editora assinalou o Dia Mundial da Língua Materna.
E este sábado 22, no âmbito do Ciclo de Conferências pelos 50 anos da Independência de Cabo Verde, é organizado uma conferência sobre Língua Cabo-verdiana e identidade nacional. As oradoras são as especialistas na matéria, Amália Lopes, Ambrizeth Lima e Karina Moreira. A moderação estará a cargo de Luís Rodrigues. A Conferência realiza-se em presença e on line a partir da Universidade de Santiago, na cidade de Assomada, ilha de Santiago, Cabo Verde. A iniciativa deste ciclo de conferências é de um grupo da sociedade civil e conta com diversas parcerias públicas e privadas.
Fonte (Vatican News)
Estamos reproduzindo um artigo do site Vatican news.
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