O Papa Francisco autorizou hoje o Dicastério das Causas dos Santos a promulgar os decretos durante a audiência com o cardeal prefeito Semeraro. Serão beatificados dois mártires Francisco Xavier Tru’o’ng Bǚu Diệp, sacerdote do Vietnã, e o leigo Floribert Bwana Chui Bin Kositi, da República Democrática do Congo. Foi autorizado o decreto sobre a confirmação do culto imemorial da espanhola Joana da Cruz e será venerável dom José Lang, auxiliar de Zagreb.
Gianluca Biccini – Vatican News
Dois futuros santos, o já anunciado Pier Giorgio Frassati e a salesiana Maria Troncatti, missionária no Equador, dois futuros beatos, mártires respectivamente no Vietnã e na República Democrática do Congo, e um novo venerável, além da beatificação equipolente da religiosa espanhola Joana da Cruz, no século Joana Vázquez Gutiérrez, já considerada beata pelo culto que lhe é prestado há séculos. Na manhã desta segunda-feira (25/11), o Papa Francisco autorizou o Dicastério das Causas dos Santos a promulgar os decretos pertinentes durante a audiência concedida ao cardeal prefeito Marcelo Semeraro.
Frassati, o jovem muito amado pelo Papa Francisco
E se o Pontífice anunciou no Angelus do último domingo (24/11), que o jovem leigo de Turim será canonizado no dia 3 de agosto próximo, durante o Jubileu dos Jovens em concomitância com o centenário de sua morte, no dia 4 de julho de 1925, nesta segunda-feira foi anunciado o resultado positivo da sessão ordinária dos Cardeais e Bispos sobre o milagre atribuído à intercessão do Beato. Trata-se da cura de uma “lesão no tendão de Aquiles” envolvendo um sacerdote, na época seminarista, ocorrida nos Estados Unidos em 2017. Durante um jogo de basquete em Los Angeles o jovem sofreu uma lesão no tornozelo direito e não conseguia mais andar. Enquanto a necessidade de uma cirurgia se aproximava, ele invocou a intercessão do Beato Pier Giorgio para não ter que se submeter à operação. O seminarista iniciou uma novena, ao final da qual percebeu uma forte sensação de calor ao redor da parte dolorida e a partir desse momento não sentiu mais os sintomas.
Nascido em Turim, em 6 de abril de 1901, numa família de classe alta, Frassati era filho de Alfredo, jornalista agnóstico que fundou e dirigiu o jornal “La Stampa”. Foi a mãe quem deu aos seus dois filhos, Pier Giorgio e Luciana, uma educação religiosa. Durante os estudos no Instituto Social Jesuíta, o jovem começou a receber a Comunhão diária e a participar nas Conferências de São Vicente. Inscrito na Faculdade de Engenharia da Politécnica da capital piemontesa, para depois “poder servir a Cristo entre os mineiros”, ingressou no clube municipal da Federação Universitária Católica Italiana (FUCI), onde fortaleceu a sua educação cristã, alimentando a sua fé com a Eucaristia Diária, a meditação da Palavra de Deus e a confissão frequente, acompanhada de um assíduo apostolado social. Tendo ingressado na Ordem Terceira Dominicana com o nome de Fra Girolamo, dedicou seu tempo livre a ajudar os mais pobres e marginalizados. Cultivou interesses culturais e esportivos, continuando uma fervorosa obra de apostolado entre os seus coetâneos. Contrário ao regime ditatorial fascista, Frassati aderiu ao Partido Popular. Atingido pela poliomielite fulminante, provavelmente contraída enquanto cuidava dos pobres, ele faleceu com apenas 24 anos. Muito amado pelo Papa Francisco – que, muitas vezes o propôs como modelo para as novas gerações, confidenciou recentemente: “Quando criança ouvi falar dele porque o meu pai era membro da Ação Católica” (Discurso ao Conselho Nacional dos Jovens, 16 novembro de 2024). Pier Giorgio foi beatificado em 20 de maio de 1990 por João Paulo II.
Maria Troncatti, missionária entre os índios
Em vez disso, Maria Troncatti, de Brescia, foi elevada às honras dos altares durante o pontificado de Bento XVI, em novembro de 2012. Nascida em Corteno Golgi, em 16 de fevereiro de 1883, numa família humilde, dedicada ao trabalho no campo e ao pastoreio, participou assiduamente da vida paroquial. Atraída pelo carisma e pela espiritualidade salesiana, vencendo a resistência do pai, ingressou nas Filhas de Maria Auxiliadora e fez a primeira profissão em 1908 e os votos perpétuos em 1914. Durante a Primeira Guerra Mundial, como enfermeira da Cruz Vermelha, cuidou dos soldados na frente de batalha. Em 1922, foi designada para a missão entre os índios no Equador, onde construiu um hospital, e dedicou-se ao acompanhamento espiritual, da assistência aos pobres e moribundos, da promoção e formação de mulheres. Depois de superar diversas doenças, morreu num acidente de avião em Sucúa, em 25 de agosto de 1969, enquanto se dirigia à capital Quito para exercícios espirituais. Em 2015, um indígena da província de Morona Santiago recebeu o milagre necessário para a canonização da religiosa. O homem sofreu um acidente de trabalho enquanto afiava ferramentas em sua marcenaria e foi atingido na cabeça por um grande fragmento de pedra. Após precários primeiros socorros, inconsciente por haver vazamento de matéria encefálica do crânio, foi levado de canoa e depois, de ambulância aérea, ao hospital de Macas, para ser transferido de lá para o hospital de Ambato, onde foi submetido a uma longa cirurgia. Diante da gravidade do prognóstico, o cunhado do ferido colocou em seu peito uma imagem de Troncatti e começou a invocá-la. Também as religiosas salesianas que continuaram a missão da Beata, informadas do ocorrido, confiaram-se à sua intercessão. Pouco depois o paciente acordou do coma e recebeu alta hospitalar, embora em estado grave, sem capacidade de falar e se movimentar. Depois, o homem sonhou com a religiosa italiana que estava tratando de sua perna e boca, prevendo sua recuperação, e ao acordar começou a se movimentar e até a proferir algumas palavras. Seguiu-se uma melhora progressiva do seu estado, tanto que no ano seguinte o carpinteiro já conseguia falar, andar e voltar a trabalhar.
Do Vietnã e da RD do Congo os dois mártires futuros beatos
Os dois futuros beatos, ambos mártires, são o vietnamita Francisco Xavier Tru’o’ng Bǚu Diệp, sacerdote diocesano, e o leigo Floribert Bwana Chui Bin Kositi, da República Democrática do Congo.
Nascido em 1º de janeiro de 1897, em Tân Dúc, na província vietnamita de An Giang, mas no território do vicariato de Phnom Penh, Francisco Xavier tornou-se sacerdote em 1924. Inicialmente colaborador pastoral em uma comunidade vietnamita no Camboja, foi então chamado de volta ao Vietnã como professor no Seminário Maior e depois enviado para a província de Bąc Liêu, onde fundou seis novas comunidades e sim trabalhou na pastoral vocacional. No final da Segunda Guerra Mundial, muitas áreas do país foram saqueadas por ricos latifundiários apoiados por violentas gangues armadas. Até o território paroquial do servo de Deus foi saqueado e a população ameaçada. Defensor dos direitos dos cidadãos, apesar do conselho para se refugiar num local seguro, preferiu não abandonar a sua comunidade e em 12 de março de 1946, foi feito prisioneiro por um grupo de milicianos junto com outras pessoas. Trancado num armazém de arroz, de onde foi levado para interrogatório, poucos dias depois o seu corpo desfigurado foi encontrado numa vala.
Mais recente, porque ocorreu há 18 anos, é o martírio do segundo futuro beato, o jovem leigo Floribert Bwana Chui Bin Kositi, morto por odium fidei no dia 8 de junho de 2007, em Goma. Ele nasceu lá em 13 de junho de 1981, numa família rica que lhe permitiu estudar nas melhores escolas. Participando ativamente nas atividades paroquiais, tornou-se uma referência para os estudantes católicos do Ateneu de Goma, onde também foi apreciado por professores e autoridades eclesiais pelo seu compromisso social. Foi no ambiente universitário que conheceu a Comunidade de Santo Egídio, tornando-se um dos seus líderes locais e conseguindo envolver outros coetâneos no serviço aos mais pobres em anos turbulentos para a cidade fronteiriça, onde muitos refugiados tinham chegado após o genocídio ruandês de 1994. Depois de se formar em Direito, envolveu-se na política. Depois de um estágio na capital Kinshasa, começou a trabalhar na alfândega de Goma como comissário “Avarie”, encarregado de controlar a entrada de alimentos no país. Opondo-se às tentativas de suborno, resistiu às pressões para deixar passar pela fronteira cargas de arroz estragado, que ele ordenou que fossem destruídas. Como vingança, foi sequestrado por desconhecidos em 7 de julho de 2007 e o seu corpo, sujeito a torturas e espancamentos, foi encontrado dois dias depois por um motociclista.
“Santa Joana”
Na mesma audiência desta segunda-feira, Francisco autorizou o Decreto sobre a confirmação do culto imemorial da espanhola Joana da Cruz, nascida Joana Vázquez Gutiérrez. Religiosa professa da Ordem Terceira de São Francisco, abadessa do convento “Santa Maria da Cruz” em Cubas de Madri, nasceu em Villa de Azaña (hoje Numancia La Sagra, província de Toledo) provavelmente em 3 de maio de 1481 e faleceu em Cubas de La Sagra no mesmo dia de 1534. Após a morte de sua mãe, quando tinha apenas sete anos foi morar com a avó e a tia. Mais tarde, ansiosa por consagrar-se a Deus, fugiu de casa para escapar de um casamento arranjado e refugiou-se no Beaterio de Sant Maria de la Cruz de Terciarias de San Francisco em Cubas de la Sagra (Madri). Ali, em 1497, fez a profissão de fé, desempenhando posteriormente diversas funções como cozinheira, porteira e sacristã. Em 1506, começou a ter experiências místicas e, dois anos depois, surgiram em seu corpo estigmas que se manifestavam da Sexta-feira Santa até o Domingo de Páscoa. Nesse mesmo ano iniciou a sua obra de pregação e em 1509 foi eleita abadessa do Beatério. Seus sermões sobre as principais festas litúrgicas foram anotados por uma irmã e reunidos no livro Conorte. A sua fama espalhou-se por toda a Espanha, chegando ao imperador Carlos V que, pelo menos três vezes, a procurou para pedir conselhos. Devido à inveja de algumas irmãs e à particular animosidade da madre vigária, foi substituída por esta no papel de abadessa. Após seu arrependimento, foi novamente eleita para guiar o Beatério, permanecendo no cargo até sua morte. Um culto espontâneo e imediato começou imediatamente pelos fiéis que a chamavam de “Santa Juana”. Mas só mais tarde se pensou num procedimento canônico que teve as suas pedras angulares entre 1614 e 1616 com um processo diocesano em Toledo e continuou com um Processo Apostólico entre 1619 e 1621, coroado por um decreto de aprovação das virtudes em 7 de maio de 1630. Depois de uma longa pausa, a causa foi retomada em 1664 com a celebração de um Processo de Não-Culto e outro de revisão dos escritos, que se tornou problemático pela dificuldade de os encontrar, em particular o texto original do Conorte, encontrado na Real Biblioteca do Escorial apenas em 1977. Esta descoberta permitiu que o manuscrito fosse publicado em 1996 e, portanto, retomar a causa em 1999. E em 18 de março de 2015 o Papa Francisco autorizou o decreto sobre as virtudes. Além disso, o culto à Irmã Juana de la Cruz, aumentado pela observação de que o seu corpo permaneceu incorrupto depois de muitos anos, logo se espalhou fora da Espanha, em outras partes da Europa, nas Filipinas e na América do Norte: o Missal da Abadia Beneditina Belga de Bruges trazia a festa litúrgica de Santa Juana de la Cruz na data de 3 de maio; e o mosteiro de Santa Maria de la Cruz, em Cubas de la Sagra (Madri) é ainda hoje conhecido como “Convento de Santa Juana”. Por esta razão, o título de bem-aventurada lhe é atribuído desde a antiguidade.
A oração incessante de José Lang
Por fim, será venerável o servo de Deus José Lang, bispo auxiliar de Zagreb. Nascido em 25 de janeiro de 1857 em Lepšić, na Croácia, numa família numerosa e muito religiosa, logo perdeu o pai e foi acolhido no orfanato do arcebispado na capital croata. Ali amadureceu a sua vocação e distinguiu-se por suas qualidades, tanto que foi enviado para completar a sua formação em Roma. Tendo regressado à sua terra natal em 1880, três anos depois recebeu a ordenação sacerdotal e tornou-se coadjutor do pároco de Zlatar. Assistente espiritual no Hospital das Irmãs da Caridade de Zagreb e depois professor de pedagogia na escola das mesmas religiosas, foi pai espiritual e reitor do seminário arquiepiscopal, vendo-se responsável pela formação dos clérigos num período conturbado. Em 1915, o arcebispo Anton Bauer o quis como seu auxiliar e ele foi consagrado bispo titular de Alabanda. Dedicou-se à edificação dos seus fiéis visitando as aldeias e fundou a “Associação Nacional Católica Croata”, um movimento de leigos e sacerdotes engajados na educação e formação dos jovens, tornando-se seu presidente. Também liderou o “Apostolado dos Santos Cirilo e Metódio” para a promoção da unidade com os cristãos do Oriente. Em 1912, participou no Congresso Eucarístico Internacional em Viena e posteriormente foi nomeado presidente do primeiro congresso celebrado nacionalmente na Croácia, que teve lugar em Zagreb. Faleceu na capital no dia 1º de novembro de 1924 e a última fase de sua vida foi marcada pela oração incessante e contínua, mesmo quando não conseguia mais sair da cama nem celebrar a missa.
Fonte (Vatican News)
Estamos reproduzindo um artigo do site Vatican news.
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