O pequeno Roman: feliz de ter encontrado o Papa; às crianças, não desanimem


A criança ucraniana, hóspede da mídia do Vaticano junto com seu pai Yaroslav Oleksiv, conta sobre a audiência de 3 de fevereiro com Francisco, a quem levou um presente e seu abraço, e também sobre sua vida, feita de desenhos, viagens e aulas de acordeão: “Meu pai é meu exemplo, aprendo tudo com ele”. O pai: “Meu sonho é que a bondade e a energia que Roman tem agora durem a vida inteira. O Papa me incentivou a transmitir ao meu filho a força de espírito para continuar”.

Svitlana Dukhovych – Vatican News

Pizza e sorvete são as coisas que ele mais gostou em Roma, mas, acima de tudo, o encontro com o Papa Francisco. O terceiro encontro com o Pontífice, depois dos de 2023 e 2024, desta vez também foi caracterizado por um longo abraço. Roman Oleksiv, de 8 anos, é uma criança serena, apesar do que vivenciou: um terrível ataque de mísseis russos em Vinnytsia (Ucrânia), no verão de 2022, que atingiu ele e sua mãe, matando-a. Roman sobreviveu, mas sofreu queimaduras de terceiro grau em 45% do seu corpo. Desde então, tem sido uma sucessão de operações, tratamentos e cirurgias entre a Ucrânia e a Alemanha.

Durante muito tempo, ele teve que usar máscara, macacão e luvas de compressão por causa das cicatrizes e da dor. Agora não mais, e assim, com o rosto e as mãos livres, na segunda-feira, 3 de fevereiro, ele veio a Roma junto com representantes da “Alliance Unbroken Kids”, uma iniciativa criada por ocasião do Encontro Internacional sobre os Direitos das Crianças para criar projetos de apoio para as pessoas afetadas por conflitos. Em seguida, Roman e seu pai Yaroslav foram convidados para conceder uma entrevista à mídia do Vaticano.

Roman, do que você gosta em Roma?

O que eu mais gosto em Roma é o fato de ter conhecido o Papa. Depois, gosto desses lindos barzinhos aqui. É muito bom vê-los todos de noite.

E qual é sua comida favorita?

Eu gosto mais de pizza. Sorvete também é bom.

Esta é a quarta vez que você se encontra com o Papa Francisco. Ele o reconheceu?

Sim, ele me reconheceu como das outras vezes.

Qual foi sua impressão sobre o encontro de ontem? O que vocês disseram um ao outro?

Eu disse a ele “Bom dia” em inglês e o abracei. Também lhe dei um presente.

O pequeno Roman Oleksiv, de 8 anos

O pequeno Roman Oleksiv, de 8 anos

Conta pra gente em que classe você está e de que matéria mais gosta, bem como seus hobbies.

Já estou na quarta série. Gosto especialmente de matemática e desenho. Adoro desenhar, sempre desenho muitos carros, toco acordeão, às vezes gaita e piano.

Seu professor de acordeão é seu pai…

Sim, ele está me ensinando há quatro anos. No começo foi um pouco estranho, mas agora já estou acostumado.

Você tem viajado muito ultimamente. Esteve na Itália e na Alemanha, onde também conheceu crianças. O que elas lhe perguntam sobre a Ucrânia e o que você diz a elas?

No início, quando cheguei à Alemanha, todos me perguntavam: ‘Por que você está usando uma máscara? O que aconteceu? Por que você está tão estranho?”. E eu respondia tranquilamente. Depois não me perguntavam mais nada, porque já sabiam e entendiam.

Elas o apoiaram, você sentiu o apoio delas?

Sim, houve muito apoio.

Para muitas crianças, mesmo que elas não lhe digam, você provavelmente é um exemplo. Sua experiência mostra que você é forte e corajoso. Quem, por outro lado, é seu exemplo? Talvez os heróis dos livros ou filmes ou alguém da vida real? Quem, em resumo, é seu super-homem?

Meu pai é um exemplo para mim porque ele me mostra como lutar e como fazer coisas diferentes. Aprendo com seus exemplos, e a coisa mais importante que ele sempre me diz é para não desistir.

Quando você fala sobre a Ucrânia para outras crianças ou pessoas, o que você diz sobre o seu país? Por que você gosta dele? O que há de especial nele?

O que há de especial na Ucrânia é que me sinto tranquilo lá porque falo minha língua materna. Em outros lugares, tenho de aprender um idioma e depois falá-lo, e me sinto desconfortável. Na Ucrânia, por outro lado, posso falar livremente e com tranquilidade.

Roman no encontro com o Papa nesta terça-feira (03/02)

Roman no encontro com o Papa nesta terça-feira (03/02)

Senhor Yaroslav, obrigado por trazer Roman aqui. Seu filho diz que o senhor é o herói dele. De onde ele tira força e inspiração?

Nós nos fortalecemos um com o outro. Para mim, Roman é o exemplo: a maneira como ele luta, a maneira como ele se organiza, a maneira como se cura com a sua energia… Minha missão é dar força a ele também. Nós dois tentamos planejar as coisas juntos, para realizar um sonho. Isso é importante porque nos dá vontade de viver, de criar, de seguir em frente.

Roman, qual é o seu sonho?

Quando eu crescer, gostaria de projetar meu próprio carro e aprender a dirigir.

E o seu, Yaroslav?

Meu sonho é um pouco diferente. Gostaria que Roman se tornasse uma pessoa verdadeira e quero que essa bondade, essa energia que ele tem agora, dure a vida inteira. Eu sempre digo que não importa quem ele se torne, o principal é que ele seja um ser humano verdadeiro. Isso é muito importante.

O que esses encontros com o Papa Francisco no Vaticano significaram para o senhor?

O encontro de ontem foi especial porque o Papa disse coisas que eu não esperava ouvir. Ele me disse que tenho o dever de transmitir a Roman a força de espírito que tenho, para que ele não pare, para que siga em frente. Foi muito bom ouvir isso. Ele também disse: ‘Você está fazendo muito pelo seu filho e é importante que você mantenha esses valores familiares vivos no futuro’. Parece-me que o mais importante é que uma família tenha esses valores, que se apoiem mutuamente, sem desistir.

Há muitas famílias na Ucrânia que, infelizmente, estão passando por momentos difíceis. E não apenas na Ucrânia, mas também em outras partes do mundo. Com base em sua experiência, o que o senhor gostaria de dizer a elas?

Como Roman disse, nunca se deve desistir. Mas também que é preciso se comunicar, seja com uma criança ou com um adulto, e estabelecer uma meta. O importante é sempre ter um sonho que você gostaria de realizar e que o incentive a continuar. É preciso estar sempre em movimento. Porque se você desistir, é muito difícil sair desse estado.

O encontro entre o Papa Francisco e Roman Oleksiv

O encontro entre o Papa Francisco e Roman Oleksiv

Quão difícil ou fácil é para o senhor pedir ajuda a outras pessoas? Acho que é difícil passar por isso sozinho. Como o senhor consegue fazer isso?

Nos últimos dois anos e meio, desde que a tragédia aconteceu, sempre encontrei pessoas a quem não precisei pedir ajuda: são elas que nos oferecem ajuda. E isso é muito bom. Também sinto uma espécie de paz interior e vejo que as pessoas se abrem e estão prontas para ajudar em qualquer situação. Isso também é inspirador. De alguma forma, a vida nos eleva, é muito mais fácil viver se sentirmos o apoio dos outros.

Voltando a você, Roman, seu pai disse que quer que você se torne um homem bom, um homem com “U” maiúsculo. Como você acha que uma boa pessoa, uma pessoa verdadeira, deve ser?

Uma pessoa pronta para ajudar, gentil, que entende quando alguém precisa de ajuda.

Senhor Yaroslav, gostaria de acrescentar algo?

Obrigado a todos pelo apoio e pela maneira como nos tratam. É muito bom e nos dá asas para seguir em frente e crescer. Estou muito feliz por termos tido a oportunidade de vir ao Vaticano e conhecer o Papa. Isso também é uma grande ajuda para nós. Quando voltamos para casa, sentimos essa graça e, depois disso, fica mais fácil enfrentar a vida. Uma das tarefas que nos propusemos é justamente informar outras pessoas sobre o que está acontecendo na Ucrânia e, na medida do possível, mostrar pelo exemplo que não devemos desistir, que devemos continuar e que, com a ajuda de Deus, venceremos tudo.

Roman, hoje no Vaticano, não sei se você viu, havia muitas crianças. O que você gostaria de dizer a elas?

Eu diria a elas que não importa o quanto seja difícil, não importa o que aconteça, vocês não devem desanimar, devem continuar e então alcançar o resultado que desejam.

A entrevista concedida a Svitlana Dukhovych nos estúdios da Rádio Vaticano

A entrevista concedida a Svitlana Dukhovych nos estúdios da Rádio Vaticano



Fonte (Vatican News)

Estamos reproduzindo um artigo do site Vatican news.

A opinião do post não é necessariamente a opinião do nosso blog!

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