“É com alegria que começo a minha visita entre vocês”, disse Francisco às autoridades papuanas, em seu primeiro discurso na Papua Nova Guiné. “Agradeço por me terem aberto as portas do seu bonito país, tão longe de Roma e, no entanto, tão próximo do coração da Igreja Católica.”
Vatican News
O primeiro compromisso oficial do Papa Francisco na Papua Nova Guiné foi a visita de cortesia ao governador-geral do país, Bob Bofeng Dadae, na “Government House”. O país é um Estado soberano membro da Comunidade das Nações (Commonwealth), cujo monarca é o Rei Carlos III da Inglaterra. Tratou-se de uma visita protocolar, com a assinatura do Livro de Honra, foto oficial, encontro privado, troca de presentes e apresentação da família.
Na sequência, o Santo Padre percorreu pouco mais de três quilômetros até o principal centro de conferências da cidade de Port Moresby, a APEC Haus, construída para hospedar em 2018 o vértice dos líderes do Fórum Econômico Ásia-Pacífico (APEC). Às autoridades civis e políticas, o Pontífice pronunciou seu primeiro discurso na Papua Nova Guiné, ao lado do governador, ao qual agradeceu pelo “caloroso acolhimento”.
Francisco declarou-se “fascinado” pela riqueza cultural extraordinária do país, formado por centenas de ilhas, onde se falam mais de oitocentas línguas, de acordo com os grupos étnicos: “Imagino que esta enorme variedade seja um desafio para o Espírito Santo, que cria harmonia a partir das diferenças!”.
A Papua é rica não só em ilhas e idiomas, mas também de recursos terrestres e hídricos, que são destinados por Deus a toda a comunidade, lembrou o Papa, acrescentando que é justo que as necessidades das populações locais sejam devidamente tidas em conta na distribuição dos lucros e no emprego da mão de obra, de modo a produzir um efetivo melhoramento das suas condições de vida.
De modo particular, Francisco pediu o fim das violências tribais, que causam muitas vítimas: “Apelo, pois, ao sentido de responsabilidade de todos para que se ponha termo à espiral de violência e se caminhe resolutamente pela via que conduz a uma cooperação frutuosa, em benefício de todo o povo do país”. O Papa citou ainda a questão do estatuto da ilha de Bougainville, solicitando uma solução definitiva para não reacender velhas tensões.
Mas nem só dos bens de primeira necessidade vive o homem, recordou o Santo Padre, é necessária uma grande esperança no coração: “A abundância de bens materiais, sem este sopro da alma, não basta para dar vida a uma sociedade vital e serena, trabalhadora e alegre; pelo contrário, fecha-se sobre si mesma. A aridez do coração faz perder o rumo e esquecer a justa escala de valores; tira-lhe o ímpeto e bloqueia-a a ponto – como sucede em algumas sociedades muito ricas – de perder a esperança no futuro e de já não encontrar razões para transmitir a vida e a fé às gerações vindouras”.
Por isso, é necessário orientar o espírito para realidades maiores e o lema da visita à Papua Nova Guiné recorda exatamente isso, resumido no verbo “Pray” – “rezar”. “Talvez alguém, demasiado respeitador do ‘politicamente correto’, fique surpreendido com esta escolha; mas, na realidade, engana-se, porque um povo que reza tem futuro, buscando força e esperança no Alto”.
Para todos os que se professam cristãos, a grande maioria do povo papuano, o Papa faz votos de que a fé nunca se reduza à observância de rituais e preceitos, mas que consista em amar Jesus Cristo e segui-lo. O Pontífice felicita as comunidades cristãs pelas obras de caridade que realizam no país e cita como exemplo duas figuras importantes da Igreja no país, os Bem-aventurados Pedro To Rot e Giovanni Mazzucconi, do PIME.
O Santo Padre retomou as palavras do governador-geral quando citou as mulheres: “Não nos esqueçamos que são elas a levar avante um país. As mulheres têm a capacidade de dar vida, de construir um país, estão em primeiro lugar do desenvolvimento humano”.
“É com alegria que começo a minha visita entre vocês”, disse por fim Francisco. “Agradeço por me terem aberto as portas do seu bonito país, tão longe de Roma e, no entanto, tão próximo do coração da Igreja Católica. Porque no coração da Igreja está o amor de Jesus Cristo, que na cruz abraçou todos os homens. O seu Evangelho é para todos os povos, não está ligado a nenhum poder terreno, mas é livre para fecundar todas as culturas e fazer crescer no mundo o Reino de Deus”.
No final do encontro com as autoridades, o Papa cumprimentou brevemente vários dignitários do governo, da sociedade civil e do corpo diplomático da Papua Nova Guiné, bem como líderes de vários países e organizações do Pacífico, incluindo o primeiro-ministro de Vanuatu, o presidente de Nauru, o primeiro-ministro do Reino de Tonga e o secretário-geral do Secretariado do Fórum das Ilhas do Pacífico.
Fonte (Vatican News)
Estamos reproduzindo um artigo do site Vatican news.
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