Papa: o mundo precisa do nosso testemunho comum, não da divisão dos cristãos


“A unidade dos cristãos e a sinodalidade estão ligadas” e ambas devem ser percorridas por um caminho ecumênico, enalteceu Francisco em homilia esta sexta-feira (11/10), por ocasião da Vigília Ecumênica com os padres sinodais: “hoje exprimimos a nossa vergonha pelo escândalo da divisão dos cristãos, de não testemunharmos juntos o Senhor Jesus. Este Sínodo é uma oportunidade para ultrapassar os muros que ainda persistem entre nós”. “O mundo precisa de um testemunho comum”, fiel à missão da Igreja.

Andressa Collet – Vatican News

A sexta-feira (11/10) dos padres sinodais foi finalizada com uma Vigília Ecumênica na Praça dos Protomártires, dentro do Vaticano. A data recorda a abertura do Concílio Vaticano II, como recordou o Papa Francisco em homilia, “que marcou a entrada oficial da Igreja Católica no movimento ecumênico”. A homilia não foi lida pelo Santo Padre, mas entregue aos participantes. A Praça dos Protomártires Romanos é uma homenagem aos primeiros mártires da Igreja de Roma, que testemunharam com o próprio sangue a fé em Cristo. “Que estes mártires fortaleçam em nós a certeza de que nos aproximamos uns dos outros ao aproximarmo-nos de Cristo”, porque “quanto mais os cristãos estão próximos de Cristo, tanto mais próximos estão uns dos outros”.

Assim, enalteceu o Pontífice, “a unidade dos cristãos e a sinodalidade estão ligadas” e ambas devem ser percorridas através de um caminho ecumênico. Em ambos os processos, continuou o Papa, “não se trata tanto de construir algo, mas sim de acolher e fazer frutificar o dom que já recebemos. E como é que é o dom da unidade? A experiência sinodal ajuda-nos a descobrir alguns aspectos”.

Oração Ecumênica dos Padres Sinodais, presidida pelo Papa Francisco (Vatican Media)

Oração Ecumênica dos Padres Sinodais, presidida pelo Papa Francisco (Vatican Media)

A unidade é uma graça

O Papa começou, então, a trazer alguns ensinamentos sobre a unidade. A primeira, de que ela é “uma graça, um dom imprevisível” “cujos tempos e modos não podemos prever”:

“O verdadeiro protagonista não somos nós, mas o Espírito Santo que nos guia para uma maior comunhão. Tal como não sabemos de antemão qual será o resultado do Sínodo, também não sabemos exatamente como será a unidade a que somos chamados.”

A unidade é um caminho

Outro dos ensinamentos do processo sinodal é que “a unidade é um caminho: amadurece em movimento, durante o percurso. Cresce no serviço recíproco, no diálogo da vida, na colaboração entre todos os cristãos”. Um caminho, porém, que deve ser percorrido “segundo o Espírito (cf. Gal 5, 16-25)”, numa peregrinação comum “ao ritmo de Deus”.

Oração Ecumênica dos Padres Sinodais, presidida pelo Papa Francisco (Vatican Media)

Oração Ecumênica dos Padres Sinodais, presidida pelo Papa Francisco (Vatican Media)

A unidade é harmonia

Um terceiro ensinamento é que “a unidade é harmonia“, feita da beleza da Igreja, como acontece no Sínodo, através da “variedade dos seus rostos” e no caminho do Espírito Santo:

“A unidade não é uniformidade, nem é o resultado de compromissos ou equilíbrios. A unidade cristã é harmonia na diversidade dos carismas suscitados pelo Espírito para a edificação de todos os cristãos.”

A unidade para a missão

Por fim, tal como a sinodalidade, “a unidade é para a missão“, num testemunho dos padres conciliares “quando afirmaram que a nossa divisão «é escândalo para o mundo, como também prejudica a santíssima causa da pregação do Evangelho a toda a criatura» (UR, 1)”:

“O movimento ecumênico nasceu do desejo de testemunhar juntos, na companhia dos outros, não afastados uns dos outros ou, pior ainda, uns contra os outros. Neste lugar, os Protomártires recordam-nos que hoje, em muitas partes do mundo, cristãos de diferentes tradições dão juntos a vida por causa da fé em Jesus Cristo, vivendo o ecumenismo do sangue. O seu testemunho é mais forte do que qualquer palavra, porque a unidade vem da Cruz do Senhor.”

Ao final da homilia, o Papa recordou da celebração penitencial realizada antes de iniciar a segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos em andamento no Vaticano até 27 de outubro. Francisco reforçou a necessidade de se promover “um caminho para a plena unidade, em harmonia uns com os outros e com toda a criação:

“Hoje exprimimos também a nossa vergonha pelo escândalo da divisão dos cristãos, pelo escândalo de não testemunharmos juntos o Senhor Jesus. Este Sínodo é uma oportunidade para melhorar, para ultrapassar os muros que ainda persistem entre nós. Concentremo-nos no chão comum do nosso mesmo Batismo, que nos impele a ser discípulos missionários de Cristo, com uma missão comum. O mundo precisa de um testemunho comum, o mundo precisa que sejamos fiéis à nossa missão comum.”

Oração Ecumênica dos Padres Sinodais, presidida pelo Papa Francisco (Vatican Media)

Oração Ecumênica dos Padres Sinodais, presidida pelo Papa Francisco (Vatican Media)



Fonte (Vatican News)

Estamos reproduzindo um artigo do site Vatican news.

A opinião do post não é necessariamente a opinião do nosso blog!

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