O secretário de Estado do Vaticano participou da conferência “Riscos e oportunidades da IA para crianças: um compromisso comum para proteger as crianças”, que reúne especialistas, líderes tecnológicos e religiosos, filantropos e sobreviventes. Do cardeal, o apelo para que governos, empresas, educadores, sociedade civil e instituições religiosas “trabalhem juntos para refletir sobre regulamentos éticos e estruturas de governança, bem como transparência de dados e políticas centradas na criança”.
Salvatore Cernuzio – Vatican News
Um instrumento “fascinante”, mas ao mesmo tempo “tremendo”. Foi o que disse o Papa ao falar da Inteligência Artificial. Foi o que reiterou o o secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, ao falar nesta sexta-feira (21/03) na conferência “Riscos e oportunidades da IA para as crianças: um compromisso comum para a proteção das crianças”, que está sendo realizada na Casina Pio VI, no Vaticano. O evento, dedicado à questão da IA e aos riscos e oportunidades que ela gera para as crianças, é organizado pela Pontifícia Academia de Ciências em colaboração com a World Childhood Foundation e o Instituto de Antropologia (IADC) da Pontifícia Universidade Gregoriana. Os participantes incluem especialistas em proteção infantil de diferentes países, líderes de empresas de tecnologia e de outros setores, membros da sociedade civil e de organizações religiosas, filantropos, jovens e “sobreviventes do abuso da Inteligência Artificial”. Também estiveram presentes a Rainha Sylvia da Suécia e a Princesa Madelene.
Transparência, responsabilidade, equidade
O cardeal Parolin recomenda que sejam desenvolvidas estratégias para enfrentar esse desafio importante e “em rápida evolução”: “é crucial que governos, empresas de tecnologia, educadores, sociedade civil e instituições religiosas trabalhem juntos para refletir sobre regulamentos éticos e estruturas de governança, bem como transparência de dados e políticas centradas na criança”, diz ele. “Não é apenas essencial garantir a segurança, a privacidade e o respeito à dignidade das crianças, mas também preservá-las dos danos causados pela Inteligência Artificial. É igualmente essencial garantir a transparência, a responsabilidade e a equidade para tornar a IA mais benéfica para todas as crianças.”
A advertência do Papa
O secretário de Estado desenvolve o discurso a partir do longo discurso de Francisco ao G7 em junho de 2024 – o primeiro Papa a participar da reunião dos “Grandes da Terra” – inteiramente dedicado ao tema da Inteligência Artificial. “Este vigoroso avanço tecnológico torna a Inteligência Artificial, simultaneamente, um instrumento fascinante e tremenda, e exige uma reflexão à altura da situação”, disse o Pontífice. “Os sistemas de Inteligência Artificial são extraordinariamente rápidos em seu crescimento e desenvolvimento e estão prestes a remodelar profundamente nossas sociedades, e a infância em particular”, acrescenta Parolin.
As tecnologias a serviço do bem
Em meio a essas transformações, é nossa responsabilidade coletiva garantir que “essa nova tecnologia seja colocada a serviço do bem e da segurança de todas as pessoas, especialmente as mais vulneráveis, preservando a dignidade humana e as relações sociais”, enfatiza o cardeal, lembrando a Nota Antiqua et Nova, publicada pelo Dicastério para a Doutrina da Fé e pelo Dicastério para a Cultura e a Educação em janeiro, sobre a questão da relação entre inteligência humana e inteligência artificial.
Ação coletiva e colaboração global
“A Inteligência Artificial tem o potencial de melhorar a segurança, a educação e o bem-estar das crianças. Ao mesmo tempo, ela também pode introduzir sérias ameaças, incluindo cyberbullying, violações de privacidade, vício em inteligência artificial e exploração on-line”, diz o cardeal Parolin. “Prevenir os riscos e, ao mesmo tempo, procurar explorar os benefícios não é uma tarefa fácil”, ele admite. ”Isso não se deve apenas à complexidade do campo, mas porque, como o Papa Francisco enfatizou em sua mensagem ao Fórum Econômico Mundial em 2025, a Inteligência Artificial levanta questões fundamentais sobre responsabilidade ética, segurança humana e as implicações mais amplas desses desenvolvimentos para a sociedade”.
Isso requer, portanto, que “respostas apropriadas” sejam buscadas com base em contextos específicos e no “princípio da subsidiariedade, com usuários individuais, famílias, sociedade civil, empresas, instituições, governos e organizações internacionais trabalhando em seus níveis apropriados para garantir que a Inteligência Artificial seja voltada para o bem de todos”. O que é necessário, conclui Parolin, é “ação urgente e coletiva e colaboração global para garantir que essa nova tecnologia sirva, ao invés de colocar em perigo, a dignidade e o bem-estar de cada criança na era digital”.
Fonte (Vatican News)
Estamos reproduzindo um artigo do site Vatican news.
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