Presidente da CEAST: Jubileu deve significar uma viragem


Encontrando-se em Roma por estes dias, Dom José Manuel Imbamba atravessou a Porta Santa da Basílica de São Pedro com Angola no coração e o desejo de que este Ano Santo e o Jubileu dos 50 anos de independência signifiquem para o país todo um momento de conversão e viragem para outros voos que dignifiquem o povo.

Dulce Araújo – Vatican News

Jubileu dos 2025 anos da Igreja Católica Universal, Jubileu dos 50 da independência de Angola, Jubileu de Ouro da Arquidiocese de Saurimo, de que é Arcebispo. A esperança que tudo isto suscita foi transversal às palavras pronunciadas pelo Arcebispo de Saurimo e Presidente da CEAST, Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe, na entrevista à Rádio Vaticano, no dia 23 de janeiro.

“Coração ao alto, pés em marcha”

Nessa jovem Arquidiocese, onde ainda há comunidades recônditas sem a presença de sacerdotes, o lema é “Coração ao alto, pés em marcha”. Com o suplemento de fôlego do Jubileu da Esperança que vive este ano a Igreja Universal, o foco vai ser fazer penetrar a beleza do Evangelho em todos os meandros da vida – frisa Dom Imbamba, feliz pelo entusiasmo com o qual os cristãos angolanos, em geral, estão a viver o Grande Jubileu.

Um gesto de esperança

E no espírito de perdão típico do Jubileu, Dom Imbamba disse que a CEAST acolheu com favor a decisão do Presidente da República, João Lourenço, de conceder o indulto a 51 presos. Os bispos esperam que haja mais gestos no sentido de promover a cidadania autêntica, a reconciliação, o desenvolvimento, a responsabilidade de todos pois, para eles, o jubileu dos 50 anos de independência deve significar uma viragem neste sentido.

Ministros Ordenados e a Vida Consagrada

Para o triénio 2024-2027, a CEAST decidiu focar a sua reflexão sobre os “Ministros Ordenados e a Vida Consagrada”. É que – explica Dom Imbamba – “falamos muito para os outros, para fora, e nunca para nós mesmos”. É, portanto, necessário que olhem para si mesmos, para ver se estão a ser capazes de “criar a mística que leve o irmão à salvação”, até porque há – afirma justificando a escolha do tema – graves contratestemunhas que não ajudam ao anúncio da vivência da fé. O tema, articulado em três subtemas anuais (vocação, formação, missão) implicará – referiu – diálogo com Dicastérios afins para obterem luzes nessa caminhada trienal.

Triénio sobre crianças deu frutos, mas não suficientes

O bem-estar das crianças constitui, em Angola, uma prioridade tanto para a Igreja, como para o Estado. Daí que a CEAST tenha dedicado o Plano Pastoral precedente a este tema. E Dom Imbamba considera que os frutos foram positivos: diminuíram as crianças fora do sistema de ensino; revitalizou-se a pastoral da criança por forma a ajudar as famílias a enfrentar situações ruins que afetam a infância, tais como acusação de feitiçaria, trabalho infantil, gravidezes precoces, etc. Muito resta, todavia, por fazer, mas os resultados foram encorajadores, dá a entender o Presidente da CEAST que se deteve também sobre a questão da feitiçaria, em geral, como uma questão que manieta as pessoas, travando-as na plena vivência do cristianismo e no caminho do desenvolvimento. É toda a sociedade que tem de se levantar contra esta questão e mudar de atitude. A Igreja faz, neste domínio, um trabalho de intermediação – explica.

Dom José Manuel Imbamba na entrevista na Rádio Vaticano a 23/1/2024

Dom José Manuel Imbamba na entrevista na Rádio Vaticano a 23/1/2024

Políticas públicas geram pobreza em vez de combatê-la

Solicitado a esclarecer o que entende quando afirma que “o país corre o risco de transformar o escândalo da pobreza e da miséria numa cultura”, o Arcebispo de Saurimo disse que as políticas públicas não têm conseguido dar resposta eficaz ao desafio da pobreza, sinal de que há que repensar a questão que, para ele, prende-se sobretudo com razões éticas, pois falta uma cultura do bem comum. Além disso, há também o problema da tendência a servir o militante e não o cidadão. O Jubileu dos 50 anos de independência é uma ocasião propícia para uma ampla reflexão sobre os destinos do país – dá a entender Dom Imbamba que volta a sublinhar o desejo da Igreja de que essa importante efeméride constitua uma viragem para outros voos que contemplem a dignidade e o bem-estar integral do povo angolano.

A Igreja é uma voz credível e necessária

Tendo falado em tempos recentes de perseguição e intimidações devido aos seus pronunciamentos sobre o que no país precisa de ser endireitado, Dom José Manuel Imbamba elucidou o contexto em que revelou isso e disse que em Angola há um ambiente de intriga, mas que isso não o abala; é um sacerdote e não se compactua com a injustiça. Além disso, e felizmente, os pronunciamentos da Igreja são acolhidos tanto pelas pessoas como pelos governantes, por ser uma voz credível, isenta e necessária para o bem do país – frisou.

Abertura missionária e olhos postos no futuro com a esperança jubilar

A concluir, o Arcebispo de Saurimo fala ainda da sua Arquidiocese, para a qual o Jubileu de Ouro que arranca em agosto, marcará uma época de “abertura missionária” para ajudar a enfrentar a escassez de evangelizadores. E anuncia que estão para chegar religiosas de três congregações.

Por fim, uma mensagem a todos, a toda a comunidade católica angolana a viver o Grande Jubileu da Esperança e a procurar dar respostas concretas em todos os âmbitos da vida como bons cristãos e bons cidadãos com olhos postos no futuro.  

O Presidente da CEAST em entrevista à Rádio Vaticano

O Presidente da CEAST em entrevista à Rádio Vaticano



Fonte (Vatican News)

Estamos reproduzindo um artigo do site Vatican news.

A opinião do post não é necessariamente a opinião do nosso blog!

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