Segundo fontes eclesiásticas locais que, por motivos de segurança, não querem ser citadas “em Goma há 2 milhões de pessoas sofrendo”. Por outro lado, o exército congolês (FARDC) terá fugido de Goma aquando da chegada do bem equipado grupo M23, e Corneille Nangaa, o líder da Aliança do Rio Congo, a ala política do M23, declarou a sua intenção de derrubar o governo em Kinshasa.
Vatican News com Agência Fides
O colapso do exército congolês (FARDC) começou no domingo à noite, quando os principais chefes militares deixaram a cidade em vários barcos que navegaram do porto de Goma, no Lago Kivu, para Bukavu (capital do Kivu do Sul), que fica a cerca de cem quilómetros de distância. A partir daí, os chefes militares embarcaram num avião que os levou até Kinshasa. As tropas sem ordens foram confrontadas com uma força bem equipada de rebeldes do M23 e de soldados do exército ruandês (que, no entanto, são difíceis de distinguir uns dos outros). Rapidamente, o M23 e os ruandeses capturaram pontos-chave da cidade: o centro, o porto e o aeroporto. Vários soldados congoleses renderam-se aos rebeldes ou entregaram-se aos “Capacetes Azuis” da MONUSCO.
A conquista de Goma foi sangrenta, de facto, houve vários mortos, muitos dos quais ainda jazem nas ruas da cidade. Há pelo menos um milhar de feridos, que se juntam a um sistema de saúde em dificuldades devido à falta de água, eletricidade, alimentos e medicamentos.
As nossas fontes informam que hoje, 29 de janeiro, “a situação em Goma parece mais calma, embora haja relatos de tiroteios dispersos em alguns bairros. Os armazéns de alimentos, incluindo os do Programa Alimentar Mundial (PAM), e os mercados foram saqueados. Há falta de eletricidade porque os postes de alta tensão foram derrubados; consequentemente, há pura falta de água, que é bombeada do Lago Kivu e depois purificada em centrais especiais que agora não têm energia para funcionar. A pilhagem dos armazéns e a interrupção dos abastecimentos provenientes das zonas rurais circundantes provocaram uma escassez de alimentos que se está a tornar dramática a cada hora que passa”.
A nível político, Corneille Nangaa, o líder da Aliança do Rio Congo, a ala política do M23, declarou que tencionam derrubar o governo de Kinshasa. “Trata-se de uma possibilidade já vista em 1997, quando rebeldes apoiados pelo Ruanda e pelo Uganda, partindo da parte oriental do então Zaire, conquistaram Kinshasa, obrigando o então presidente Mobutu a fugir”, comentam as nossas fontes. “O que podemos dizer é que esperamos que o M23 marche sobre Bukavu, tentando, no entanto, fazer o menor número possível de vítimas, porque Nangaa é um político congolês que tenta explorar o descontentamento dos soldados que se sentem traídos pelos seus comandantes; entre outras coisas, apesar das despesas com o exército, os soldados estão mal equipados, não tendo sequer as roupas adequadas para enfrentar o frio. Lembrem-se que aqui estamos entre 1500 e 1700 metros acima do nível do mar”, concluem as nossas fontes.
Corneille Nangaa foi, de 2015 a 2021, presidente da Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI), mas em agosto de 2024 foi condenado à morte por traição por ter formado a Aliança do Rio Congo em 2023.
Fonte (Vatican News)
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