A Igreja Católica na Tailândia deu um passo significativo em seu caminho rumo à canonização de oito mártires, cujas vidas de uma fé vivida de forma heróica inspiraram gerações.
Por Chainarong Monthienvichienchai – Tailândia
Antes da Celebração Eucarística comemorativa da festa do Beato Nicolau Bunkerd Kritbamrung em Samphran, a oeste de Bangkok, no dia 12 de janeiro, o núncio apostólico na Tailândia, dom Peter Bryan Wells, entregou as relíquias dos oito mártires ao recém nomeado arcebispo Francisco Xavier Vira Arpondratana, da Arquidiocese Metropolitana de Bangkok, e a seis bispos e representantes das suas dioceses sufragâneas: Ratchaburi, Chanthaburi, Nakhon Sawan, Chiang Mai, Chiang Rai e Surat Thani.
A cerimônia ocorreu após um evento realizado em 14 de dezembro de 2024, no Santuário de Nossa Senhora dos Mártires da Tailândia em Songkhon, onde relicários foram entregues ao arcebispo Anthony Weradet Chaiseri da Arquidiocese Metropolitana de Tharae-Nongseng e suas três dioceses sufragâneas: Ubon Ratchathani, Udon Thani e Nakhon Ratchasima.
As relíquias, envoltas em relicários recém-criados, simbolizam a unidade desses oito mártires, que viveram e morreram por sua fé durante um período de perseguição em meados do século XX.
Em sua homilia, o arcebispo Wells destacou a coragem dos mártires, afirmando que “eles foram batizados em Cristo primeiro na água e depois no sangue”, convidando os fiéis se inspirarem nos sacrifícios deles e a viverem suas promessas batismais com convicção.
Oito Mártires da Tailândia: Testemunhas de Fé e Unidade
No ano passado, a Conferência dos Bispos Católicos da Tailândia (CBCT) achou por bem unificar as causas de canonização do Beato Nicholas Bunkerd Kritbamrung de Bangkok e dos Sete Beatos Mártires de Songkhon.
A decisão ressalta seu testemunho compartilhado de Cristo durante um período de turbulência política e social entre 1940 e 1944, quando o cristianismo foi classificado como uma “religião estrangeira”.
O Beato Nicholas, sacerdote em Samphran, sua cidade natal, ministrava os Sacramentos ao seu rebanho em meio à perseguição. Condenado a 15 anos de prisão, batizou 66 companheiros na prisão. Mesmo padecendo por nove meses doente, permaneceu firme em sua fé, vindo a falecer na prisão em 1944, aos 49 anos.
No mesmo período, no povoado católico de Songkhon, o catequista Philip Siphong e seis mulheres, incluindo duas freiras, escolheram o martírio em vez de renunciar à sua fé.
Seus sacrifícios foram reconhecidos pelo Papa João Paulo II, que beatificou os sete mártires de Songkhon em 1989 e o Beato Nicolau (Nicholas) em 2000.
Avança a Causa da Canonização
Para honrar o legado dos mártires e promover a devoção a eles, a Conferência dos Bispos Católicos da Tailândia instituiu uma Comissão de Canonização liderada pelo arcebispo Anthony Weradet Chaiseri, da Arquidiocese de Tharae-Nongseng.
A comissão preparou relicários contendo as relíquias de todos os oito mártires, que percorrerão em todas as dioceses da Tailândia, com o objetivo de inspirar os católicos a imitar a fé inabalável dos seus mártires enquanto aprofundam sua conexão espiritual com essas testemunhas de Cristo.
Dom Andrew Vissanu Thanya-anan, presidente do Comitê para a Promoção da Causa da Canonização, explicou à LiCAS News: “É o povo de Deus que dá origem à ‘fama sanctitatis’, reconhecendo esses mártires como testemunhas de Cristo e do Evangelho.”
Esta iniciativa faz parte de preparativos mais amplos para os aniversários dos sacrifícios e beatificações dos mártires, incluindo o próximo 25º aniversário da beatificação do Beato Nicolau em 2025.
Legado de Coragem e Esperança
Em sua homilia, o arcebispo Wells pediu aos fiéis que refletissem sobre o exemplo dos mártires. “O Espírito Santo os capacitou a viver vidas de extraordinária coragem e fé. Esse mesmo Espírito vive dentro de nós, nos chamando à santidade.”
Ele recordou à congregação que o objetivo final dos mártires — a vida eterna com Deus — é o mesmo chamado para todos os cristãos.
O núncio apostólico também desafiou os fiéis, incluindo ele mesmo, a perguntar: “Como podemos viver nossas promessas batismais com a mesma coragem e convicção? Estamos dispostos a defender aquilo em que acreditamos, mesmo quando é difícil? Estamos preparados para sacrificar nosso próprio conforto e segurança pelo bem dos outros?”
Enquanto a comunidade católica da Tailândia continua os preparativos para os próximos passos no processo de canonização, os mártires são lembrados por sua fé e dedicação inabaláveis.
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Fonte (Vatican News)
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