Uma ceia de Natal para os pobres no coração da Igreja

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09/dez/2025

Sob o abraço da Colunata de Bernini, a Igreja oferece calor e dignidade aos mais necessitados neste Advento.

Cidade do Vaticano – Em uma noite fria de dezembro, o coração da Cristandade aqueceu-se com um gesto de profunda caridade e esperança. Cerca de 120 pessoas em situação de sem-abrigo, que diariamente buscam refúgio nas proximidades da Basílica de São Pedro, foram os convidados de honra para uma ceia de Natal antecipada. O evento, realizado no último domingo, 7 de dezembro de 2025, transformou o espaço solene sob a Colunata de Bernini em um salão de festas familiar, onde a partilha e a fraternidade foram o prato principal.

Um Banquete de Esperança no Coração da Igreja

A iniciativa, promovida pelo Dicastério para o Serviço da Caridade, órgão da Santa Sé encarregado das obras de caridade do Santo Padre, o Papa Leão XIV, foi um sinal eloquente da "Igreja em saída" que o Pontífice tem incentivado desde o início de seu ministério. Mesas foram dispostas ao longo do corredor protegido da Colunata, adornadas com decorações natalícias simples, mas dignas, criando uma atmosfera de acolhimento e celebração. Voluntários de diversas paróquias de Roma e membros da comunidade de Sant'Egidio uniram forças para servir uma refeição quente e completa, oferecendo não apenas alimento para o corpo, mas também um sorriso, uma palavra de conforto e a atenção que tantas vezes é negada a quem vive nas ruas.

Mais do que um simples jantar, o evento foi um momento de autêntica convivência. A música ambiente, com canções natalícias, preenchia o ar, enquanto conversas e risadas ecoavam sob as arcadas projetadas por Bernini para simbolizar os braços maternais da Igreja que acolhem toda a humanidade. Para muitos dos presentes, esta foi a primeira oportunidade em muito tempo de se sentarem à mesa, serem servidos com dignidade e partilharem uma refeição em comunidade, sentindo-se parte de uma família.

O Significado do Advento: Preparar o Coração para Acolher Cristo

Este gesto de caridade ganha um significado ainda mais profundo por ocorrer durante o Tempo do Advento. A liturgia nos convida a preparar os nossos corações para a vinda do Senhor Jesus no Natal. Esta preparação, ensina a Igreja, não se limita à oração e à penitência, mas se completa nas obras de misericórdia. Ao servir Cristo na pessoa do pobre, a comunidade eclesial vive de forma concreta o Evangelho. O próprio Jesus, que escolheu nascer na pobreza de uma manjedoura, identifica-se com os mais necessitados: "Tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era peregrino, e me acolhestes" (Mt 25,35). A ceia sob a Colunata é uma catequese viva, um presépio real que nos recorda que o caminho para encontrar o Menino Deus passa pelo encontro com os nossos irmãos e irmãs que sofrem.

A Continuidade de um Magistério da Caridade

A iniciativa segue a linha pastoral do Papa Leão XIV, que tem enfatizado a necessidade de uma Igreja que vá às periferias existenciais para levar a misericórdia de Deus. Este compromisso com os pobres não é uma novidade, mas a continuação do trabalho incansável de seus predecessores, que sempre colocaram os marginalizados no centro das preocupações do Vaticano. O Cardeal Konrad Krajewski, Prefeito do Dicastério para o Serviço da Caridade, esteve presente, partilhando a refeição e conversando com os convidados, demonstrando com gestos a proximidade e o afeto do Santo Padre.

Este jantar de Natal não é um evento isolado, mas parte de uma rede de apoio constante que a Santa Sé oferece aos sem-abrigo de Roma. Dormitórios, chuveiros, serviços médicos e assistência diária são outras manifestações desta caridade contínua. Contudo, em tempos litúrgicos fortes como o Advento, estes gestos simbólicos tornam-se faróis de esperança, recordando ao mundo que a glória de Deus se manifesta na humildade e que a verdadeira celebração do Natal é a partilha do amor que Ele nos deu.

Ao final da noite, cada convidado recebeu um pequeno presente, um gesto adicional de carinho para o Natal que se aproxima. Para quem participou, seja servindo ou sendo servido, a noite de domingo foi uma experiência profunda do que significa ser Igreja: uma casa de portas abertas, uma mãe que acolhe e uma comunidade que encontra a sua maior alegria no serviço aos últimos.

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Fonte: Vatican News

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