Pe. Pasolini: que a Igreja seja casa de todos, comunhão não é uniformidade

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15/dez/2025

Igreja, casa de todos: a lição do Advento no Vaticano

Na manhã desta sexta-feira, 12 de dezembro de 2025, o Pregador da Casa Pontifícia, Padre Roberto Pasolini, proferiu a segunda meditação do Advento na Sala Paulo VI, no Vaticano. Diante do Santo Padre, o Papa Leão XIV, e dos membros da Cúria Romana, a reflexão centrou-se no tema "Reconstruir a Casa do Senhor. Uma Igreja sem contraposições", propondo uma Igreja que seja verdadeiramente uma casa para todos, onde a comunhão floresce na diversidade e não na uniformidade.

Contexto do Advento: A Preparação para a Vinda do Senhor

O tempo do Advento, no qual a Igreja se encontra, é um período de alegre e piedosa expectativa. Preparamo-nos para celebrar o Natal, a primeira vinda de Jesus na humildade da nossa carne, mas também renovamos a nossa esperança na Sua segunda vinda, em glória. A meditação do Padre Pasolini insere-se neste contexto espiritual como um chamado à conversão não apenas individual, mas eclesial. Assim como preparamos a "casa" do nosso coração para acolher o Salvador, somos chamados a refletir sobre como estamos a construir a "Casa de Deus", a Igreja, para que ela seja um lar acolhedor para toda a humanidade que Ele veio salvar.

Comunhão Não é Uniformidade

Desenvolvendo a sua reflexão, o Padre Pasolini sublinhou uma distinção fundamental: a unidade da fé, dom do Espírito Santo, não pode ser confundida com a uniformidade de pensamento ou de expressão. Uma Igreja viva, explicou, não teme o confronto de ideias nem as diferenças, pois estas são "a gramática da existência". A verdadeira comunhão, afirmou, é uma harmonia que nasce do diálogo e do respeito mútuo, onde cada membro, com os seus dons e carismas únicos, contribui para a beleza do todo. Tentar suprimir as diferenças em nome de uma paz aparente levaria a uma Igreja empobrecida e estéril.

Os Riscos do Pensamento Único

O pregador da Casa Pontifícia alertou ainda para os perigos do "pensamento único", uma tentação presente tanto nos totalitarismos do passado como nos desafios do presente. Ele mencionou especificamente o risco de uma "homologação da inteligência artificial", onde algoritmos podem, sutilmente, moldar o pensamento humano, promovendo a conformidade em detrimento do discernimento crítico e da liberdade de consciência. Diante deste cenário, a Igreja é chamada a ser um baluarte da dignidade humana, defendendo a singularidade de cada pessoa como imagem e semelhança de Deus. A fé católica, com a sua riqueza de tradições e a sua capacidade de inculturação, é um antídoto poderoso contra qualquer tentativa de reduzir a complexidade da vida a um único modelo.

A meditação concluiu com um apelo esperançoso para que este Advento inspire todos os fiéis, a começar pelos que servem na Cúria Romana, a trabalhar por uma Igreja que seja cada vez mais uma casa de portas abertas, um espaço de encontro e reconciliação. Uma Igreja que, à imagem da manjedoura de Belém, saiba acolher a todos sem distinção, manifestando ao mundo o rosto de um Deus que se fez próximo para nos unir na diversidade do Seu amor.

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Fonte: Vatican News

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