Tesouro de Nápoles: O Presépio do Vaticano

Cidade do Vaticano – Nesta segunda-feira, 8 de dezembro de 2025, Solenidade da Imaculada Conceição, o coração da cristandade se voltou para um dos símbolos mais queridos do tempo do Natal. Ao final da oração das Vésperas, Sua Eminência o Cardeal Mauro Gambetti, Arcipreste da Basílica de São Pedro, desvelou e abençoou o magnífico presépio instalado no Altar de São Gregório Magno. A obra, um tesouro da escola artesanal napolitana, foi criada pelos mestres presepistas Cantone e Costabile, trazendo a rica tradição de São Gregório Armeno para o centro da Igreja Universal.

A Arte de Nápoles no Coração da Cristandade

A tradição do presépio napolitano é mundialmente famosa por sua vivacidade, detalhismo e pela forma única como mescla o sagrado e o cotidiano. As figuras, modeladas à mão em terracota e vestidas com tecidos elaborados, não representam apenas a Sagrada Família, os anjos e os pastores, mas uma inteira vila do século XVIII. É uma catequese visual que ensina que o Cristo não nasceu num lugar distante e etéreo, mas encarnou-se na história, no meio da vida pulsante do povo, com suas alegrias, trabalhos e desafios.

Os mestres artesãos Stefano Cantone e Ciro Costabile são herdeiros diretos desta secular tradição, mantida viva nas oficinas da famosa via San Gregorio Armeno, em Nápoles. A criação do presépio para a Basílica de São Pedro, realizada com o apoio fundamental da Fábrica de São Pedro, representa não apenas um reconhecimento da sua mestria, mas também um presente de fé e arte para os milhões de peregrinos que visitarão o Vaticano durante o Advento e o Tempo do Natal. Cada detalhe, desde a expressão dos rostos até a textura das vestes, foi pensado para conduzir o observador à contemplação do Mistério da Encarnação.

O Presépio: Um Evangelho Vivo para o Povo de Deus

Como recordava o Papa Francisco na sua Carta Apostólica Admirabile Signum, o presépio é um "belo e admirável sinal" que "desperta o enlevo". A tradição de representar o nascimento de Jesus remonta a São Francisco de Assis que, em 1223, em Greccio, quis recriar a cena da natividade para "ver com os próprios olhos os desconfortos em que Ele se encontrou por falta das coisas necessárias a um recém-nascido". Desde então, o presépio tornou-se um verdadeiro Evangelho doméstico, uma forma simples e profunda de anunciar o núcleo da nossa fé: Deus fez-se homem por amor a nós.

Neste tempo de preparação para o Natal, o Santo Padre, o Papa Leão XIV, tem convidado os fiéis a redescobrirem o silêncio e a contemplação. O presépio na Basílica de São Pedro serve precisamente a este propósito. Não é apenas uma obra de arte para ser admirada, mas um convite à oração. Diante daquela cena, somos chamados a nos fazer pequenos, a reconhecer a humildade de um Deus que se despoja da sua glória para vir ao nosso encontro. Cada figura nos conta algo sobre o Evangelho: a Virgem Maria, que acolhe a Palavra; São José, o guardião silencioso; os pastores, que representam os pobres e os simples, os primeiros a receberem a Boa Nova.

Um Símbolo de Fé junto ao Altar de um Doutor da Igreja

A escolha do local para a instalação do presépio não foi casual. O Altar de São Gregório Magno, um dos maiores Papas e Doutores da Igreja, evoca a memória de um pastor que soube unir a profunda contemplação teológica a uma incansável ação pastoral. São Gregório, conhecido como "Servo dos servos de Deus", ensinou a Igreja a encontrar o rosto de Cristo nos pobres e a anunciar o Evangelho com simplicidade e fervor. Colocar o presépio, símbolo da humildade divina, junto ao seu altar, cria um diálogo profundo entre o Mistério celebrado e a tradição viva da Igreja.

A cerimônia de inauguração, marcada pela solenidade das Vésperas da Imaculada Conceição, reforça esta ligação. Maria, a cheia de graça, é a arca da nova aliança, a primeira a acolher o Verbo em seu seio. Iniciar a veneração pública do presépio nesta data é recordar que o Natal começa com o "sim" de Nossa Senhora. Foi através da sua pureza e da sua fé incondicional que Deus pôde armar a sua tenda entre nós.

O presépio napolitano permanecerá exposto para a veneração dos fiéis durante todo o tempo do Advento e do Natal, até a Festa do Batismo do Senhor. Para os peregrinos em Roma e para todos os que acompanham a vida da Igreja pelos meios de comunicação, esta obra de arte e fé será um ponto de luz, recordando a todos a verdadeira razão da nossa alegria: "Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor" (Lc 2,11).

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Fonte: Vatican News