Leão XIV: a esperança do cego Bartimeu

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18/dez/2025

Uma lição de fé para o mundo: Papa Leão XIV ilumina a oração do coração a partir do Evangelho de Bartimeu, convidando os fiéis a uma união mais profunda com Cristo.

CIDADE DO VATICANO – Na sua alocução dominical que antecedeu a oração do Angelus, neste dia 14 de dezembro de 2025, o Papa Leão XIV ofereceu aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro e ao mundo uma profunda meditação sobre a figura do cego Bartimeu. Partindo do grito insistente do homem de Jericó, "Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!", o Santo Padre desenvolveu uma catequese sobre o poder da "Oração de Jesus" ou "Oração do Coração", um método simples e eficaz para alcançar a oração contínua e o silêncio interior em meio à agitação do mundo moderno.

O Grito que Rompe a Indiferença

O Pontífice iniciou sua reflexão pintando um quadro vivo da cena narrada no Evangelho de São Marcos. "Imaginemos Bartimeu", disse o Papa, "sentado à beira do caminho, envolto não apenas na escuridão física, mas também na escuridão da marginalização social. Ele ouve que Jesus, a esperança de Israel, está a passar. O que ele faz? Ele não se resigna. Ele grita. A sua oração não é polida nem teologicamente complexa; é um grito visceral, uma súplica que nasce do fundo da sua miséria e da sua imensa fé."

Leão XIV destacou como a multidão tentou silenciar Bartimeu, um reflexo de como o mundo muitas vezes tenta abafar a voz da nossa necessidade de Deus. "Mas Bartimeu gritava ainda mais alto", continuou o Papa. "Esta é a primeira lição: a perseverança na oração. Não devemos deixar que o ruído exterior ou as vozes interiores da dúvida nos impeçam de clamar pelo Senhor. A nossa necessidade é o nosso direito de nos aproximarmos Dele."

A Oração do Coração: Respirando com Deus

O núcleo da mensagem do Santo Padre centrou-se na transformação deste grito numa prática espiritual contínua. Ele explicou que a invocação "Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tende piedade de mim, pecador!", conhecida na tradição oriental como a Oração de Jesus, é a herdeira direta do clamor de Bartimeu.

"'Senhor Jesus Cristo, tende piedade de mim!'. Esta oração, que busca a oração contínua através da repetição constante, pode ser ritmada com a respiração e se transforma de uma prática verbal para uma forte e eficaz oração interior", ensinou o Papa Leão XIV. Ele ofereceu um conselho prático: "Ritmar a oração com a sua respiração pode ajudar a criar um foco. A invocação pode ser feita a cada expiração, por exemplo. Ao inspirar, reconhecemos a presença de Cristo; ao expirar, entregamos a Ele a nossa miséria e pedimos a Sua misericórdia. Lentamente, o silêncio interior ajudará, e a oração passará da mente para o coração."

Luz para o nosso Advento

Situando a sua catequese no tempo litúrgico do Advento, o Papa traçou um paralelo poderoso. "Caros irmãos e irmãs, cada um de nós é, de certa forma, Bartimeu. Estamos sentados à beira do caminho da vida, muitas vezes cegos pelas nossas preocupações, pecados e pelo brilho enganador do mundo. O Advento é o tempo em que a Igreja nos lembra que Jesus está a passar. Ele vem! Devemos, como Bartimeu, ter a coragem de gritar da nossa escuridão, 'Vem, Senhor Jesus!'. A oração do coração é uma maneira de manter acesa esta chama da espera, de preparar o nosso interior, a nossa 'manjedoura', para acolher o Salvador que vem trazer a luz verdadeira."

O Silêncio que Cura

O Papa Leão XIV concluiu a sua reflexão sublinhando a importância do silêncio interior que esta prática de oração fomenta. "O mundo teme o silêncio. Enchemo-nos de ruído, de distrações, para não ter de enfrentar o que está dentro de nós", advertiu. "Mas é precisamente nesse silêncio, conquistado pela repetição humilde do nome de Jesus, que a Sua voz pode ser ouvida. É nesse espaço sagrado que a Sua graça nos toca e, como fez com Bartimeu, nos pergunta: 'O que queres que Eu te faça?'. E nós, com o coração purificado, podemos finalmente responder: 'Senhor, que eu veja!'. Que eu veja a Vossa presença, a Vossa vontade, o Vosso amor em todas as coisas."

A mensagem do Papa ressoou como um convite urgente e pastoral a redescobrir uma forma de oração acessível a todos, um caminho para transformar a ansiedade da vida quotidiana numa conversa ininterrupta com Aquele que é a única resposta para os anseios mais profundos do coração humano.

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Fonte: Vatican News

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