Papa: a música nos eleva acima dos problemas

Cidade do Vaticano - Nesta terça-feira, 9 de dezembro de 2025, o Papa Leão XIV acolheu com particular afeto os participantes do "Concerto com os Pobres" na Sala Paulo VI, no Vaticano. Em uma comovente saudação, o Santo Padre refletiu sobre o poder da música como um "dom divino acessível a todos", capaz de elevar a alma e recordar a nossa dignidade intrínseca, especialmente em meio às provações da vida.

Música não é fuga, mas elevação da alma

Com palavras de um verdadeiro pastor, o Papa Leão XIV dirigiu-se aos presentes, um público especial formado por pessoas em situação de vulnerabilidade, voluntários e benfeitores. Ele enfatizou que a beleza das melodias não serve como um entorpecente para nos alienar da realidade. Pelo contrário, a boa música tem o poder de tocar "os mais profundos sentimentos da alma", oferecendo consolo e esperança.

"A música não elimina os problemas, não apaga o sofrimento ou a incerteza", afirmou o Pontífice. "Mas ela nos recorda que somos muito mais do que os nossos problemas. Ela abre uma janela para o alto, eleva nosso espírito e nos faz sentir, ainda que por um instante, a harmonia pela qual nossa alma anseia. Ela nos recorda a nossa origem e o nosso destino em Deus."

Um Concerto que Une Corações no Vaticano

O "Concerto com os Pobres" já se tornou uma tradição no Advento vaticano. Organizado pelo Dicastério para o Serviço da Caridade, o evento oferece uma noite de alta cultura musical àqueles que raramente têm acesso a tais experiências. A iniciativa visa reafirmar a dignidade de cada pessoa, mostrando que a beleza é um direito de todos, e não um luxo para poucos. Na Sala Paulo VI, as barreiras sociais desapareceram: lado a lado, sentaram-se famílias que vivem nas ruas, voluntários de centros de acolhimento e membros da Cúria Romana, todos unidos pela mesma linguagem universal da música.

A Melodia da Esperança no Tempo do Advento

Este concerto, realizado no coração do Tempo do Advento, assume um significado ainda mais profundo. O Advento é o tempo da espera vigilante e da esperança jubilosa pela vinda do Senhor. É um período que nos convida a preparar os nossos corações, assim como preparamos nossas casas para o Natal. A música sacra e as melodias clássicas executadas no concerto funcionam como uma trilha sonora para essa preparação interior. Elas nos ajudam a silenciar o ruído exterior e a focar no essencial: o Emanuel, Deus conosco, que escolheu nascer na pobreza de uma manjedoura para se fazer próximo de cada um de nós, especialmente dos mais esquecidos.

Linguagem Universal que Derruba Muros

O Santo Padre destacou em sua fala que a música "fala uma língua que todos podem compreender", superando as barreiras do idioma, da cultura e da condição social. "Diante de uma sinfonia de Beethoven ou de um canto gregoriano, não importa de onde viemos ou o que possuímos. Nossas almas são tocadas da mesma forma", disse ele. Este poder unificador da arte é um reflexo da própria Igreja, chamada a ser uma casa para todos, um lugar de encontro e fraternidade onde as diferenças são harmonizadas pelo amor de Cristo.

O Papa Leão XIV, seguindo a trilha de seus predecessores, vê nestas iniciativas um poderoso gesto de evangelização. Oferecer beleza é oferecer um vislumbre da bondade de Deus. Cuidar dos pobres não é apenas dar pão, mas também nutrir a alma com aquilo que a eleva e lhe devolve a esperança. A presença do Papa, que fez questão de cumprimentar pessoalmente muitos dos convidados antes do início do concerto, reforçou essa mensagem de proximidade e ternura.

Um Chamado à Escuta Profunda

Em um mundo saturado de ruídos e distrações, a mensagem do Papa é um convite a redescobrir o valor da escuta atenta e profunda. A música, quando ouvida com o coração, pode se tornar uma forma de oração, um diálogo silencioso com o Criador. Ela não nos tira do mundo, mas nos dá a força e a perspectiva espiritual para enfrentá-lo com mais coragem e fé, lembrando-nos que, mesmo nas noites mais escuras, a luz da esperança divina nunca se apaga. O concerto, portanto, foi mais do que um evento cultural; foi uma experiência de fé, comunidade e dignidade restaurada.

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Fonte: Vatican News