Sudão do Sul – Milhões de crianças em alto risco de má-nutrição

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10/dez/2025

Alerta da UNICEF: Milhões de crianças no Sudão do Sul enfrentam fome severa

ROMA, 10 de dez. de 2025 – Numa visita recente ao Sudão do Sul, Catherine Russell, Diretora Executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), lançou um apelo urgente ao governo local e à comunidade internacional. A sua mensagem, ecoando pelos corredores humanitários, é clara e devastadora: milhões de crianças na nação mais jovem do mundo estão em altíssimo risco de má-nutrição, apanhadas numa tempestade perfeita de conflitos armados, catástrofes climáticas e deslocamentos forçados em massa.

Uma Catástrofe Humanitária em Gestação

A situação descrita por Russell não é apenas uma estatística, mas uma tragédia humana de proporções imensas. O Sudão do Sul, independente desde 2011, tem sido um palco de instabilidade crônica. A visita da Diretora da UNICEF serviu para iluminar as feridas abertas de uma nação onde a infância é sinónimo de sobrevivência. “Vi com os meus próprios olhos o impacto profundo que as múltiplas crises estão a ter sobre as crianças”, afirmou Russell em comunicado. “Elas são as menos responsáveis por este conflito e por esta crise climática, mas estão a pagar o preço mais alto.”

A má-nutrição aguda severa, a forma mais mortal de subnutrição, ameaça um número alarmante de menores de cinco anos. Esta condição não apenas debilita o corpo, tornando-o vulnerável a doenças comuns como diarreia e pneumonia, mas também compromete irremediavelmente o desenvolvimento cognitivo e físico. Cada número representa um rosto, uma vida preciosa criada à imagem e semelhança de Deus, cujo futuro está a ser roubado pela fome.

As Três Frentes da Tragédia: Conflito, Clima e Deslocamento

O apelo da UNICEF destaca uma convergência fatal de fatores. Em primeiro lugar, a escalada do conflito. A violência intermitente, os confrontos entre grupos armados e a insegurança generalizada impedem o acesso das agências humanitárias às populações mais vulneráveis. As rotas de abastecimento são cortadas, os profissionais de saúde são atacados e as famílias são forçadas a fugir, deixando para trás as suas terras e meios de subsistência.

Em segundo lugar, os impactos climáticos. O Sudão do Sul tem sofrido com cheias recordes nos últimos anos, que submergiram vastas áreas de terras agrícolas, destruíram colheitas e contaminaram fontes de água. Paradoxalmente, outras regiões enfrentam secas severas. Este ciclo vicioso de extremos climáticos agrava a insegurança alimentar, empurrando milhões para a beira da inanição.

Finalmente, o deslocamento em massa. Como resultado direto do conflito e das cheias, milhões de pessoas, a maioria mulheres e crianças, foram forçadas a abandonar os seus lares. Vivem em campos de deslocados superlotados, com acesso limitado a alimentos, água potável, saneamento e cuidados de saúde. Nestas condições precárias, as crianças são as mais expostas ao risco de doenças e desnutrição.

À Luz do Advento: Um Chamado à Esperança Ativa

Neste tempo santo do Advento, enquanto a Igreja se prepara para celebrar o nascimento do Príncipe da Paz, a notícia do Sudão do Sul ressoa como um grito que clama aos céus. A manjedoura vazia espera não apenas o Menino Deus, mas também a nossa resposta de caridade e justiça. O Papa Leão XIV, na sua recente mensagem Urbi et Orbi de Natal antecipada, exortou os fiéis a não se esquecerem das “periferias existenciais onde Cristo continua a ser crucificado nos seus irmãos mais pequeninos”. O sofrimento das crianças do Sudão do Sul interpela a nossa consciência cristã. A nossa preparação para o Natal não pode ser completa se ignorarmos o clamor dos pobres. Somos chamados a ser sentinelas da esperança, não com uma espera passiva, mas com oração fervorosa e gestos concretos de solidariedade, apoiando as organizações que, como a UNICEF, estão na linha da frente a lutar pela vida.

O Rosto de Cristo na Criança que Sofre

O apelo de Catherine Russell não é apenas um relatório técnico; é um convite à ação. Ela insta o governo do Sudão do Sul a priorizar a paz e a garantir o acesso humanitário seguro. Pede à comunidade internacional que não desvie o olhar e que aumente o financiamento para salvar vidas. Como católicos, o nosso Magistério, especialmente através da Doutrina Social da Igreja, ensina-nos sobre a dignidade inalienável de cada pessoa e a opção preferencial pelos pobres e vulneráveis.

Em cada criança subnutrida do Sudão do Sul, vemos o rosto do próprio Cristo, que nos disse: “Tive fome e destes-me de comer” (Mt 25,35). A resposta a esta crise não é opcional; é um imperativo do Evangelho. Que o nosso coração, preparado pelo Advento, se abra em compaixão e generosidade para com estes nossos irmãos e irmãs.

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Fonte: Vatican News

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