Ucrânia, Papa Leão: a Santa Sé continua disponível para ajudar nas negociações

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12/dez/2025

Papa Leão XIV, após encontro com Zelensky em Castel Gandolfo, reafirma o empenho da Santa Sé pela paz, focando no drama das crianças deportadas e na necessidade de uma diplomacia paciente e realista.

Castel Gandolfo, Vaticano – Na manhã de 9 de dezembro de 2025, nos jardins da Villa Barberini em Castel Gandolfo, o Papa Leão XIV ofereceu breves mas significativas declarações a jornalistas. O Pontífice comentou sobre a sua recente audiência com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, revelando os contornos da contínua e discreta ação diplomática da Santa Sé em busca da paz na martirizada Ucrânia.

A Prioridade Humanitária: O Retorno das Crianças

O foco principal do encontro, segundo o Santo Padre, não foram as grandes estratégias geopolíticas, mas uma das feridas mais dolorosas e urgentes do conflito: o repatriamento das crianças ucranianas. Com um tom sóbrio e paternal, o Papa Leão XIV descreveu os esforços em andamento como um “trabalho lento, nos bastidores”. Esta expressão revela a natureza da diplomacia vaticana: uma ação que evita os holofotes para maximizar a eficácia, construindo pontes de confiança passo a passo.

“A questão das crianças é uma chaga aberta no coração da Europa e da humanidade”, teria afirmado o Pontífice. “Cada criança que retorna à sua casa é uma semente de paz que plantamos no futuro. É um trabalho complexo, que exige paciência, perseverança e, acima de tudo, a colaboração de todas as partes”. A Santa Sé, através dos seus canais diplomáticos, continua a mediar esta causa profundamente humanitária, que transcende qualquer cálculo político e toca a dignidade fundamental da pessoa humana.

A Santa Sé como Porto Seguro para o Diálogo

Questionado sobre o papel da Santa Sé como mediadora, o Papa reiterou a sua total disponibilidade. “A casa de Pedro é a casa de todos”, afirmou. “As portas estão e estarão sempre abertas para acolher quem busca o diálogo e a reconciliação. A Santa Sé continua disponível para hospedar as negociações, para oferecer um terreno neutro onde as sementes da paz possam ser semeadas e cuidadas”.

Esta oferta não é nova, mas uma constante na política externa da Santa Sé, que por sua natureza universal busca ser uma “ponte” entre os povos. O Papa Leão XIV segue, assim, os passos de seus predecessores, que sempre viram no diálogo o único caminho verdadeiramente humano para a resolução dos conflitos. A neutralidade do Vaticano não é indiferença, mas um compromisso ativo com a justiça e a paz, colocando-se a serviço da fraternidade universal.

Uma Viagem a Kyiv: Entre o Desejo e o Realismo

A possibilidade de uma visita papal a Kyiv é um desejo constante no coração do povo ucraniano. Sobre este tema, o Papa Leão XIV foi sincero e prudente. “Espero que sim, mas é preciso ser realista”, respondeu. Suas palavras equilibram o profundo desejo pastoral de estar próximo de um povo que sofre com a responsabilidade de garantir que tal viagem seja um passo concreto para a paz, e não apenas um gesto simbólico que possa, inadvertidamente, complicar ainda mais a situação.

O “realismo” a que o Papa se refere envolve complexas avaliações de segurança, diplomáticas e, sobretudo, pastorais. Uma viagem apostólica deve ser um instrumento de unidade e esperança. Portanto, a decisão será tomada quando as condições permitirem que a sua presença seja um catalisador para a reconciliação e não um obstáculo.

Adventos de Esperança em Tempos de Guerra

Neste tempo litúrgico do Advento, as palavras do Santo Padre ressoam com uma profundidade especial. O Advento é o tempo da espera vigilante pela vinda do Príncipe da Paz. A humanidade anseia pela paz que só Deus pode dar em plenitude, mas somos chamados a ser seus construtores no aqui e agora. Os esforços diplomáticos “lentos e de bastidores”, o cuidado com os mais frágeis como as crianças, e a busca incansável pelo diálogo são a forma concreta como a Igreja vive a sua vocação de preparar os caminhos do Senhor. Assim como aguardamos o Natal, a Igreja trabalha e reza na esperança de um “natal” de paz para a Ucrânia, um renascimento da esperança em meio à escuridão da guerra.

O Papel Insubstituível da Europa

Por fim, o Pontífice fez uma observação geopolítica crucial, sublinhando que qualquer tratado de paz duradouro não pode ignorar o continente onde o conflito se desenrola. Segundo o Papa Leão XIV, “não é realista” excluir a Europa das tratativas de paz. Esta afirmação é um chamado à responsabilidade de todo o continente europeu, para que, fiel às suas raízes e à sua vocação histórica, seja protagonista na construção de uma ordem pacífica e justa, superando interesses particulares em favor do bem comum.

A mensagem do Papa Leão XIV, direta e pastoral, traça um caminho claro: um caminho de paciência, de realismo evangélico e de esperança ativa, onde cada pequeno passo, como o retorno de uma criança, é uma grande vitória para a paz.

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Fonte: Vatican News

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